Louvada como uma ‘santa’ pelo PT até um dia desses, Marina Silva já é demonizada por setores que temem que sua candidatura azede os vôos de Dilma Roussef. E os ataques partem tanto do pensamento reacionário (vê as Frases) como de ditos setores de “esquerda”.
Valter Pomar, dirigente petista da corrente “Articulação de Esquerda” escreveu em artigo “A direita joga verde”, publicado no portal do Partido dos Trabalhadores e no blog “Vermelho”, ligado ao PCdoB:
“Os que comemoram [a candidatura de Marina Silva], não acreditam e geralmente não desejam que Marina possa ser presidente; acham apenas que ela pode atrapalhar uma terceira vitória do PT. Ou seja: sua candidatura é vista como linha auxiliar do PSDB, mais ou menos como o Partido Verde se comporta em vários estados do Brasil.”
A “Articulação de Esquerda” é uma tendência do PT que mantinha certa coerência dentro do partido, mesmo quando nos anos noventa a maior parte caia nos braços da institucionalidade e já aplicava políticas conservadoras em estados e municípios onde governava. Com o início do governo Lula, essa coerência se esvairia a cada ato de governo e cada “justificativa” dada pelos “ideólogos” da corrente.
O artigo de Pomar é uma prova disto. Tanto que Pomar parece que esqueceu conceitos marxistas básicos, confundindo “esquerdismo” (‘a doença infantil do comunismo’, segundo Lênin) com oportunismo.
Concordo que Marina Silva não representa nenhuma ruptura profunda com o PT. Isto se torna evidente pelo papel que a mesma desempenhou à frente do Ministério do Meio Ambiente, aprovando os transgênicos, dividindo o Ibama e tocando as concessões florestais, só para ficar na área ambiental. Também não se ouviu até hoje nenhum discurso da senadora contra as reformas aplicadas pelo governo Lula, contra as benesses dadas aos bancos, à política de alianças pela “governabilidade”, etc. Ou seja, há mais diferenças entre Lula e Marina na aparência, do que na essência.
Contudo, não é isso que um potencial eleitorado de Marina pensa. Para a maior parte daqueles que conhecem a ex-ministra, a mesma é uma lutadora que saiu do governo e do PT por não mais suportar vê a agenda ambiental ser esmagada pela prioridade a dada a qualquer custo ao PAC e a eleição de Dilma Roussef em 2010. Portanto, um pensamento mais à esquerda do que Marina realmente é. Daí colocar Marina, o PV e aqueles que acreditam nisto num mesmo saco é um equívoco do ponto de vista da análise política.
Marina simboliza, é só simboliza que fique claro, um PT antes do governo Lula: um programa político completamente aliado aos interesses do capital, mas com “máscara” da cara do trabalhador. Neste sentido, sua candidatura reedita uma ilusão, o que chega a ser ruim para a classe trabalhadora. Mas para o PT, esta ilusão não é o problema. O problema é ela mascarar a outra ilusão, Dilma Roussef.
O que incomoda tanto aos petistas é saber que Marina disputará votos com maiores vantagens com os setores da sociedade que tradicionalmente votam ou votavam no PT. Um eleitorado mais esclarecido e que se organiza, não tão dependente das políticas assistenciais, nem dos jogos de coronéis e cangaceiros o qual Lula se apóia no Congresso Nacional, ligado a movimentos sociais, pastorais e Ongs. Uma massa que não vota na direita clássica (PSDB, PMDB, DEM, etc.), mas há muito se cansou da nova direita (PT, PSB, PCdoB).
Pomar e Articulação de Esquerda representam hoje uma degeneração. Suas análises não conseguem se situar entre o que PT foi e o que o partido hoje realmente é.
Leia o artigo de Valter Pomar:
PT - Partido dos Trabalhadores - A direita joga verde
Leia algumas obras primordiais de Lênin:
Esquerdismo - Doença Infantil do Comunismo
O Oportunismo e a Falência da II Internacional
Marxismo e Revisionismo
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
1 Comentários
1 comentários:
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Prezado
1) Se a essência fosse igual a aparência, não seria preciso ciência. Por isto, é importante mostrar que a possível candidatura Marina não é aquilo que a mídia e parte de seu eleitoral acham que é.
2) A sociedade brasileira não se limita a burguesia, a classe média e ao "pobretariado". Existe o proletariado, que na sua maioria vota no PT e em Lula.
3) Deixo sem resposta a ofensiva "degenração", pois não acrescenta nada ao seu texto, nem acrescentaria nada a minha resposta.
Atenciosamente
Valter Pomar - 25 agosto, 2009
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