Um relatório encomendado por uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU) publicado nesta terça-feira afirma que é preciso mudar as regras e práticas agrícolas atuais para combater a alta do preço dos alimentos.
"Negócios como antigamente não são mais uma opção", diz o relatório. "O aumento do custo de produção dos alimentos pode colocar milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza."
O estudo, publicado pela Unesco em Paris, pede mais ênfase para a proteção de recursos naturais.
O documento defende o uso de técnicas de agricultura mais naturais e ecológicas, inclusive com a redução da distância entre a produção e os consumidores.
Proibição a transgênicos
Para a América Latina e o Caribe, o relatório se centrou no combate à pobreza e na questão dos transgênicos.
O documento afirma que o aumento da produção agrícola na região não gerou redução na pobreza, que ainda afeta 37% dos latino-americanos e caribenhos.
Em vez disso, diz o estudo, "a importação de alimentos criou dependência e trouxe prejuízos à produção local".
Os autores recomendam que os governos proíbam o consumo e o plantio de colheitas transgênicas - como algodão, soja, milho e canola - para evitar a contaminação e preservar a diversidade genética.
"A critério de cada país, o marco regulatório pode incluir a possibilidade de impedir o uso (de transgênicos) nos centros de origem e diversidade genética", diz o documento.
"Em regiões ou países que optem por produzir transgênicos, a regulação deveria se basear no princípio da precaução e no direito dos consumidores de ter uma escolha informada, por exemplo, por meio de etiquetas", acrescenta o relatório.
"As conseqüências das tecnologias emergentes sobre as metas de sustentabilidade ainda são muito debatidas", avaliam os autores.
"A possibilidade de contaminação genética de algumas espécies está demonstrada e deve ser parte indispensável das políticas de biossegurança, que, ao mesmo tempo, devem evitar a contaminação de outros sistemas produtivos livres de transgênicos."
Custos
O texto é resultado de três anos de trabalho conjunto de cientistas e outros especialistas, além de governos de países desenvolvidos e em desenvolvimento.
O relatório da Unesco conclui que o progresso na agricultura trouxe benefícios muito desiguais, com altos custos sociais e ambientais.
A Unesco cita também a "influência considerável" de grandes corporações transnacionais na América do Norte e na Europa.
O texto diz que é preciso agir para conter a crise, que deve continuar se agravando com o aumento da demanda por alimentos em países como China e Índia e com o uso de milho e soja para produção de combustíveis.
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