Por Edilberto Sena*
O Fórum Social Mundial, que ocorrerá em Belém do Pará, em janeiro próximo, já iniciou em Santarém no último final de semana. Com a presença de 200 participantes de 14 municípios do Oeste do Pará, foram dois dias de estudos e aprofundamentos sobre a Amazônia e seus problemas e do que se quer como soluções para melhorar a qualidade de vida de seus 24 milhões de habitantes.
O Fórum foi um momento forte de união dos movimentos sociais da região Oeste do Estado, uma demonstração de força e da capacidade que se tem de agir, em conjunto pelo bem dos povos e da biodiversidade da Amazônia, quando a causa comum supera as difrenças grupais.
Os expositores convidados levantaram questões sobre temas, entre os quais, a desordem urbana provocada pela migração de famílias, tanto de outros estados atraídos pelos grandes projetos, como pelo êxodo rural, provocado pela invasão do agronegócio. Isso tudo acrescido da falta de compromissos dos poderes públicos com a urbanização das cidades.
Outro problema grave debatido foi o Plano de Aceleração do Crescimento – o PAC do governo federal. Planejado lá em Brasília, sem a participação da sociedade civil amazônica, o PAC é mais destrutivo do que carreador de beneficios para as populações locais, consideradas estas pelo presidente da república, como entraves ao crescimento do país.Segundo ele, são ribeirinhos, quilombolas, indígenas, ambientalistas e o MPF os entraves ao crescimento econômico do Brasil, imagine!
Outras questões de graves conseqüências para os povos da Amazônia e sua natureza, foram debatidos pelos participantes do Fórum, entre os quais, a questão da hidroelétrica de São Luiz do Tapajós e o Plano de Zoneamento Ecológico, Econômico, o tal ZEE, ora em aprovação na Assembléia Legislativa do Estado do Pará.
O plano do governo de construir mais uma mega -idroelétrica no rio Tapajós foi visto pelos expositores como tremenda agressão aos direitos dos povos da região, justamente os ribeirinhos, os indígenas Mundurucus e as populações das periferias das cidades, no entorno da bacia do Tapajós.
Ao final dos debates, renovando o compromisso de continuar a luta, unidas todas as organizações dos 12 municípios do Oeste do Pará, em defesa da Amazônia.
Também o Fórum gerou uma carta aberta que será enviada aos meios de comunicação, às autoridades federais e estaduais, demonstrando a insatisfação da sociedade civil do Oeste do Pará pela forma e planos que destruem a Amazônia para atender interesses externos e com graves prejuízos dos que habitam e convivem na região. O povo organizado não está calado e nem conformado com o presente e o futuro que os de fora estão fazendo com a Amazônia.
*Editoral na Rádio Rural de Santarém, em 17 de novembro de 2008.
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