domingo, 19 de maio de 2013

Madeira,Tapajós, Xingu e suas aves recém descobertas (e ameaçadas)


A Revista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo trouxe em matéria de capa a “maior descoberta da ornitologia brasileira em 140 anos”.

“Novas aves da Amazônia” aborda a inédita descrição de 15 novas espécies de aves na Amazônia Brasileira. Os trabalhos serão ainda publicados num volume especial do Handbook of the birds of the world e são resultados de pesquisadores vinculados ao Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZ-USP), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), de Manaus, e Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), de Belém – e ao Museu de Ciência Natural da Universidade Estadual da Louisiania (LSUMNS), Estados Unidos.
“Os ornitólogos não apresentavam ao mundo, de uma só vez, numa única obra, um conjunto tão numeroso de novas aves brasileiras desde 1871, quando saiu o livro Zur Ornithologie Brasiliens. Nessa obra, escrita pelo austríaco August von Pelzeln (1825-1891), foram divulgadas 40 espécies de aves coletadas pelo naturalista Johann Natterer (1787-1843), também austríaco, em suas viagens pela Amazônia brasileira”, afirma a publicação da Fapesp.

Onze das novas espécies são endêmicas do Brasil e quatro podem ser encontradas também no Peru e na Bolívia. Oito ocorrem somente a oeste do rio Madeira, na parte ocidental da Amazônia; cinco habitam exclusivamente terras situadas entre esse curso d’água e o rio Tapajós, no centro da região Norte; e duas vivem apenas a leste do Tapajós, no Pará, na porção mais oriental da floresta tropical.
Apesar de não destacada pela matéria, a localização das regiões de localização das espécies coincide com a área de expansão da fronteira hidrelétrica: Santo Antônio e Jirau no rio Madeira, Complexo do Tapajós e as barragens Belo Monte, no rio Xingu.
Além disso, outras grandes obras infraestrutura colocam as espécies sob risco de extinção. É o caso de uma espécie de gralha, do gênero Cyanocorax, que vive apenas na beira de campinas naturais situadas em meio à floresta existente entre os rios Madeira e Purus, no Amazonas. “Essa gralha está ameaçada de extinção”, diz Mario Cohn-Haft, curador da seção de ornitologia do Inpa, principal descobridor do cancão-da-campina, nome popular cunhado para a ave. “Seu hábitat está em perigo e podemos perder a espécie antes de ter tido tempo de estudá-la a fundo.” Sua principal região de ocorrência é um complexo de campinas, distante 150 quilômetros ao sul de Manaus, numa área próxima à rodovia BR-319, que liga a capital amazonense a Porto Velho. A estrada está sendo reformada e os pesquisadores temem que o acesso facilitado ao local coloque em risco o hábitat da espécie. “A nova gralha também ocorre numa zona de campos naturais no sul do Amazonas, próximo a Porto Velho, onde há muitos colonos do Sul do país, que a confundem com a gralha-azul [um dos símbolos do Paraná]”, diz Cohn-Haft.
A matéria cita também a “proteção armada” promovida pelo Exército a cientistas que pesquisavam o arapaçu-de-bico-torto, na Floresta Nacional de Altamira, próxima à rodovia BR-163, no sul do Pará. A área é uma unidade de conservação federal, mas com o funcionamento de garimpos ilegais.
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