Por Edilberto Sena*
Quem ouviu a notícia de dois eventos a ocorrerem em Santarém, ligados à BR 163, (rodovia Santarém – Cuiabá), se não estava bem atento, pode até ficar impressionado e aplaudir. Hoje será a vez de um encontro sobre o Plano BR 163 Sustentável e amanhã, um seminário regional sobre o ordenamento territorial e fundiário na área de abrangência do Plano BR 163.
O evento de hoje vai das 09 da manhã às 18h00, o de amanhã vai das 09h00 às 13h30, não é impressionante? Agora se observe as pautas: o encontro de hoje, em 06 horas de trabalho, deve tratar do seguinte: a) projetos de aproveitamento hidroelétrico e hidroviário nas bacias dos rios Tapajós e Teles Pires; b) Implementação do Porto de Santarém; c) o Zoneamento Ecológico Econômico do Oeste do Pará; d) financiamentos de atividades econômicas sustentáveis na área de influência da BR 163. Tudo isso com debates, contraditórios e conclusões. Fantástico! Será que todos os participantes serão peritos em todas estas questões de pauta? Será que o tempo será suficiente para o debate e novas conclusões se necessárias?
E no dia seguinte, amanhã, mais fantástico ainda. Em apenas 03 horas e meia será um seminário, isso mesmo, promovido nada mais nada menos, pelo pessoal da Casa Civil da Presidência da República, com os membros da sociedade do Oeste do Pará. E o tema do seminário de 3 horas e meia é: ordenamento territorial e fundiário na área de abrangência do plano BR 163 Sustentável.
Como podem esses promotores de importantes eventos querer fazer tudo isso em tão pouco tempo? Será que eles pensam que em Santarém e no Oeste do Pará não há gente que raciocina, ou não têm pontos de vista divergentes? Haverá tempo para o contraditório? Querem eles dialogar com a sociedade local, ou enfiar goela abaixo suas decisões feitas lá fora?
Triste de quem for aos eventos. Estarão lá olhando, ouvindo e talvez batendo palmas, ou murmurando o absurdo apresentado sem tempo para discussões. O que se pode esperar de uma reunião com pauta extensa e assuntos polêmicos, realizada em apenas 06 horas de trabalho? E um seminário, com assunto também polêmico em apenas 03 horas e meia?
E assim, tem sido praticamente todos os projetos e planos armados para serem executados na Amazônia. As populações locais são objeto dos efeitos, benéficos, ou maléficos.
Falam eles de lá em energia limpa, em impactos pequenos das futuras hidrelétricas da bacia do Tapajós; falam da importância do asfaltamento da rodovia Manaus-Porto Velho e a exploração de minérios na Amazônia, necessários para o desenvolvimento da região. Falam, planejam e metem goela abaixo. E o e a amazônida acredita, certo? Que lástima!
* Padre diocesado e Coordenador da Rádio Rural AM de Santarém. Editorial de 27 de julho de 2009.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
1 Comentários
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Lula não vai enfiar goela abaixo, vai por só a cabecinha.
- 03 agosto, 2009
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