terça-feira, 11 de junho de 2013

Quando o diálogo não é possível

Por Edilberto Sena*

Os últimos acontecimentos conflituosos, ligados aos direitos dos povos indígenas violados, revelam os conceitos e os preconceitos envolvidos. O governo federal está acuado e como cão raivoso, mostra os dentes com sua força militar ocupando várias áreas. Os povos querem viver e bem viver livres em seus territórios, não em lotes de terras, ou beira de estrada.

Seu conceito de bem viver inclui, espaço de florestas e águas, onde seus ancestrais sempre viveram, bens dos rios e das florestas de onde se alimentam. Já o preconceito dos não índios que já vem desde os momentos pelos invasores portugueses, é de que a terra é deles para ser explorada em todas suas riquezas, inclusive as águas. Para os povos indígenas a terra é mãe, para o governo e as grandes empresas a terra é matéria de negócio. Daí o genocídio indígena, desde o início da invasão portuguesa até hoje.

O ministro Gilberto Carvalho, ex seminarista católico, hoje serve a outro senhor e com a firmeza de um comandado da presidente, afirma que fará qualquer diálogo, mas que as hidroelétricas vão continuar. A palavra diálogo na boca do governo federal significa encontro de faz de conta, enganação. Por isso, os indígenas estão organizando uma nova confederação dos Tamoios (como aquela dos Tupinmbás em 1.545) para enfrentar os invasores de sua soberania e dignidade.

Algumas pessoas, como os ruralistas latifundiários e ingênuos jornalistas, dizem que os indígenas são selvagens e não precisam de tanta terra para viver. Os fazendeiros e sojeiros é que precisam de dezenas de quilômetros de floresta destruída para a agricultura.

Os Munduruku neste dias, mostraram com sua resistência o que é ter consciência de direitos humanos. Pena que continuam a ser olhados por tantos pobres como se sua luta fosse errada, ou só problema deles, quando o governo federal vai destruir tantas vidas de ribeirinhos, quilombolas, migrantes e não índios do Tapajós, Xingu e Teles Pires. Ficar indiferente à luta dos povos indígenas é aceitar os crimes do governo brasileiro que destrói rios, florestas e gente. Quem cala consente o crime e se torna cúmplice também.

*Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém, Pará.
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