O número é bem abaixo dos 6.575.393 (6,85%) de votos conseguidos com Heloísa Helena encabeçando a “Frente de Esquerda” com PSOL, PSTU e PCB em 2006. Lembrando que nas eleições deste ano Heloísa se recusou a disputar à Presidência da República e chegou a apoiar Marina Silva do PV, uma das razões apontadas para a não formação da chamada “Frente” nestas eleições.Em 2010, com a disputa entre os três partidos individualmente mais o PCO, tem-se alguns fatos curiosos:
- O somatório de votos dos candidatos aos governos dos estados pelo PSOL é um pouco menor que a quantidade de votos recebidos por Plínio de Arruda Sampaio. Plínio recebeu 886.816 votos e os candidatos do PSOL aos governos estaduais receberam 777.636 votos. Lembrando que o PSOL tinha candidato a governo em todos os estados, a exceção de Tocantins e Amapá. Neste último o partido elegeu um Senador, com apoio do PTB;
O candidato a Presidência pelo PSTU, José Maria Almeida, teve uma votação bem abaixo do somatório dos candidatos aos governos estaduais pelo partido. Enquanto Zé teve 84.609 votos em todo o país, os candidatos a governador tiveram somados 179.571 votos, mais que o dobro. Para se ter uma idéia, só os votos de Cleber Rabelo no Pará e Ciro Garcia no Rio de Janeiro foram superiores à votação de Zé Maria em todo o país. O PSTU tinha candidatos em todos os estados, a exceção de Espírito Santo, Alagoas, Tocantins, Roraima, Rondônia, Acre, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Fato semelhante ocorreu com Ivan Pinheiro do PCB que teve no total 39.136 votos. Por outro lado, os candidatos a governador do seu partido receberam no total 71.425 votos. O partido teve candidaturas em 15 estados, enquanto obviamente o candidato a Presidência podia receber votos em qualquer estado da federação.
Rui Pimenta do PCO teve em todo o país 12.206 votos. Um pouco mais que os 9.886 votos que os três candidatos ao governo estado que disputaram uma vaga pelo partido (12.206 votos no total).
Em alguns estados, várias candidaturas destes partidos foram indeferidas por problemas burocráticos. Em São Paulo, foram cassadas até o momento as candidaturas do PSOL, do PSTU e do PCB por problemas relacionados aos candidatos a vice. O PT chegou a cogitar entrar com um recurso para validar os votos destas legendas, na esperança de reverter a vitória de Geraldo Alckmin (PSDB) no primeiro turno, mas vendo que os votos não seriam suficientes para “salvar” Aluísio Mercadante, desistiu.Também estão suspensas, mas podendo ainda ser validados, os votos do PSTU na Bahia e Rio Grande do Norte e do PCB em Pernambuco e Ceará.
Mas, independentemente desses votos, como se explica então as diferenças entre os votos para a Presidência destes partidos e a somatório dos votos para governadores, já que esse tipo de eleitorado costume ser mais coerente?
Em primeiro lugar é preciso reconhecer uma redução eleitoral significativa deste setor nas eleições presidências. Como Plínio de Arruda Sampaio foi o único nome com certo acesso a mídia, é natural que ele canalizasse mais votos que seu próprio partido nos estados. Um outro aspecto é que parece que Marina Silva equivocadamente canalizou os chamados votos críticos, que repudiavam a falsa polarização entre Dilma (PT) e Serra (PSDB). Ocupou certo espaço que em 2006 tinha sido da esquerda socialista.
Outro fator importante é que em vários estados disputavam e se polarizavam duas candidaturas da direita clássica (Rio e Minas, por exemplo), sendo uma delas apoiada pelo PT. Explica-se assim que parte minoritária do eleitorado mais crítico ou ainda próximo ao PT tenha votado em Dilma e em candidatos da esquerda socialista para não votar em ex-inimigos, agora “aliados históricos” da nova era petista.

Para além dos números e destas explicações, o próximo período com Serra ou com Dilma imporá a este setor novos desafios. Diante deles, resta saber que caminhos serão tomados, ou melhor, que caminho tomaremos.
