A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, recebeu na tarde desta quarta-feira, em um evento tumultuado, o apoio de uma ala do PV. A petista teve sua fala interrompida por duas manifestantes do Greenpeace que, portanto cartazes, tentaram obter dela o compromisso com a proposta de desmatamento zero e de defesa de lei em tramitação no Congresso de incentivo a energias renováveis.
A militância do PT tentou retirar as duas manifestantes da sala, aos gritos de "fora tucanos", mas Dilma os impediu, afirmando que sua candidatura é democrática.
Apesar disso, se recusou a assinar o documento, em uma fala em que demonstrou irritação. "Não faço leilão político para ganhar apoio", ralhou. "A minha assinatura não vai em qualquer compromisso que botam na minha frente e dizem: 'Assina!', porque isso é desrespeitoso", prosseguiu.
Na saída, ela qualificou como demagógica a proposta. "Entre querer e fazer, há todo um processo. Até podemos chegar a isso [desmatamento zero], mas hoje o compromisso é reduzir em 80% o desmatamento da Amazônia", disse, antes, no discurso, que também foi interrompido por uma discussão entre militantes e fotógrafos.
Desenvolvimentista, famosa por seus embates nos bastidores com Marina Silva, Dilma exibiu como credencial verde as metas do Brasil de redução de emissões, apresentadas na conferência do clima de Copenhague, em 2009 (e a cuja adoção ela se opôs enquanto ministra da Casa Civil).
"Presenteada" com uma bandeira do PT que trazia o verde em vez do vermelho, a candidata devolveu os afagos com um discurso sob medida para sua plateia: "Não há, para nós, crescimento econômico que justifique a destruição da natureza".
Entre os verdes que compareceram ao evento estava um dos coordenadores da campanha de Marina, Pedro Ivo, seis deputados federais do PV, incluindo Sarney Filho (ex-ministro do Meio Ambiente de FHC), e uma das filhas de Chico Mendes, Ângela, que se sentou ao lado da candidata.
A viúva do líder seringueiro, Ilzamar Mendes, madrasta de Ângela, apoia Serra.
Também estavam no salão do hotel Nacional --onde ocorreu o ato-- quatro ministros e vários funcionários do Ministério do Meio Ambiente. Um deles distribuía a jornalistas cópias do programa da candidata para a área ambiental, que traz 13 pontos genéricos, que vão da redução do desmatamento à ampliação da educação ambiental. O secretário-executivo da pasta, José Machado, permaneceu sentado atrás de Dilma durante a solenidade. O evento foi das 11h às 14h.
Em sua fala, Dilma citou Marina Silva apenas uma vez: "Considero Marina Silva uma grande militante, tanto das lutas sociais como da luta ambiental".
Os "marineiros" que agora apoiam Dilma --entre eles Pedro Ivo e o ex-deputado federal petista Luciano Zica-- distribuíram mais cedo um manifesto no qual dizem que "a opção representada por Dilma nos parece a mais adequada para impedir um retrocesso histórico cuja conta será paga pelos mais pobres".
O PV decidiu ficar neutro no segundo turno. Mas assim como a manifestação de hoje, outra ala do partido, que inclui os candidatos derrotados aos governos do Rio e de São Paulo, Fernando Gabeira e Fábio Feldmann, está apoiando a candidatura de José Serra (PSDB).
Dilma não falou com a imprensa após o ato.
Dilma não falou com a imprensa após o ato.
Fonte: Folha online.