Por Edilberto Sena*
Passou o primeiro turno das eleições nacionais e estaduais. Políticos foram eleitos, outros reeleitos, também outros caíram, uns fichas limpas, outros fichas sujas, mas protegidos por filigranas de leis continuam respirando. Em alguns estados, como para Presidência da República, ainda virá um segundo turno.
Que se saiba, nenhum candidato, eleito ou disputando o segundo turno, revelou compromisso político em defender a Amazônia para os amazônidas e para o Brasil. Nem mesmo a candidata do Partido Verde tomou posição clara em defender os povos da região, os rios, os minérios e a biodiversidade. Os discursos que tocaram por acaso no tema Amazônia, foram poucos e ambíguos, para não ferir interesses econômicos poderosos. Pelo contrário, alguns eleitos e outros ainda candidatos são claramente favoráveis aos projetos de construir 38 mega-hidroelétricas, abrir espaços para grandes empresas mineradoras e garantir a expansão do agronegócio da soja na Amazônia.
Enquanto isso, a derrubada de florestas continua firme. Só no mês de agosto passado foram 210 quilômetros quadrados de desmatamento. No mês anterior, foram 155 quilômetros quadrados de derrubada, indicando que a destruição volta a crescer. Quem informa tudo isso é a ONG IMAZON. O Estado do Pará foi o triste campeão de desmatamento, com 142 quilômetros quadrados de destruição. Mas nem o orgulhoso Estado do Amazonas escapou do saque, com 21 quilômetros quadrados de desmatamento; também foram prejudicados, o Mato grosso com 11%, Acre com 9% e Rondônia com 5% dos 210 kms destruídos.
Mesmo o governo manifestando alegria pela diminuição do saque, não dá para se festejar. O calor está aumentando fortemente em toda a região, num sinal de que a floresta está indo abaixo e a natureza responde. De Janeiro a Agosto deste ano, foram 1.549 kms quadrados de floresta posta abaixo por fazendeiros, madeireiros, plantadores de grãos e assentamentos do INCRA. É espantoso o que continua a ocorrer, com graves conseqüências para as populações tradicionais e o próprio planeta terra.
Para se ter uma idéia, só o tamanho de desflorestamento no Estado do Pará é o equivalente a 32 mil campos de futebol. Como festejar? Como elogiar o controle feito por órgãos como ICMBIO, IBAMA, SEMA e demais órgãos, ditos de vigilância? Será que ainda há dúvida para as causas das secas profundas nos rios da Amazônia?
*Pároco diocesano e Coordenador da Rádio Rural AM de Santarém. Editorial de 12 de outubro de 210.
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