quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Os cem anos da ex-trotskysta Rachel de Queiroz

Ontem se completou o centenário de nascimento de Rachel de Queiroz, escritora cearense, famosa por obras regionalistas como “O Quinze” (sobre a lendária seca de 1915), “Três Marias”, “Memorial de Maria Moura”, “João Miguel” e outras envolvendo quase sempre envolvendo temáticas do semi-árido nordestino.

Tornou-se reconhecida aos vinte anos (1930), logo após a grande repercussão de “O Quinze”. O livro tem forte influência de sua vida pessoal. Mesmo de família rica e descendente de José de Alencar, migrou em 1917 para o Rio de Janeiro e no ano seguinte para Belém devido a fortes secas que atingiram o Ceará na segunda metade da década de dez do século XX.

Ainda na juventude, retornou a Fortaleza em 1919 e dez anos depois ingressou na organização “Bloco Operário e Camponês”, grupo que daria origem ao Partido Comunista do Brasil no Ceará.


Em 1933 começa a ter dissenções com a direção do PCB e se aproxima de Lívio Xavier, intelectual cearense que divulga as ideias de Trotsky no Brasil, e de seu grupo em São Paulo, indo morar nesta cidade até 1934. Milita então com Aristides Lobo, Plínio Mello, Mário Pedrosa, Lívio Xavier, se filiando ao sindicato dos professores de ensino livre.

Esse grupo fundou a Liga Comunista Internacionalista (Brasil) ligada à Oposição de Esquerda Internacional, dirigida por Leon Trótski, sendo a primeira organização trotskysta brasileira, primeiro como fração do PCB, depois como organização própria.

Em 1937 foi presa em Fortaleza acusada de ser comunista. Teve seus livros pessoais queimados e tida como persona non grata.

Após um longo período sumida da vida política nacional mas com atividades literárias, reaparece em 1964 dando apoio ao golpe militar e ao general Castelo Branco, seu amigo de infância.

Sempre interregoda em entrevistas sobre essa contradição em sua vida, Rachel de Queiroz respondia que não se arrependia de nada, nem da militância trotskista, nem do apoio a Castelo Branco que ela distinguia do regime militar.

Além da contribuição literária, transformou a sua "Fazenda Não Me Deixes", propriedade localizada em Quixadá, em reserva particular do patrimônio natural, com grande riqueza ambiental e cultural do semi-árido.

Morreu em 4 de novembro de 2003, vítima de problemas cardíacos, no seu apartamento no Rio de Janeiro, dias antes de completar 93 anos.
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