Indígenas da etnia Munduruku protestaram contra ao projeto do Ministério das Minas e Energia para a construção de uma hidrelétrica no território dentro do município de Jacareacanga. Esta hidrelétrica está sendo prevista no rio Teles Pires, não fazendo parte das cinco hidrelétricas previstas para o Complexo do Tapajós nos próximos anos.
Arcos e flechas nas mãos dos guerreiros mostravam um clima de insatisfação, momentos antes da audiência pública coordenada e presidida pelo Ibama. A reunião entre os índios Mundurukus e o representante da Funai serviu para mostrar o posicionamento tomado pelas aldeias.
O líder indígena Jairo Kõrap, da Associação Extrativista Rio Kabitutu, não só se pronunciou contrário ao projeto, mas também traduziu as declarações contrárias das demais lideranças, a exemplo do capitão da aldeia Teles Pires, João Karikafõ. Um representante da Funai permaneceu quieto, atento às declarações dos índios e quando foi chamado a se pronunciar, explicou que estava ali apenas como espectador, pra acompanhar os questionamentos que seriam apresentados pelas comunidades da área afetada pelo projeto.
Frederico Menezes, representante da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), do Ministério das Minas e Energia, insistiu que o projeto ocuparia uma pequena parte, pouco mais de 2% do território de Jacareacanga. Para ele, a compensação financeira anual a ser paga ao municípioé superior ao que será pago, por exemplo, ao município de Paranaíta, no Matogrosso, que terá uma porção bem maior do seu território afetada pelo projeto.
Nem mesmo a apresentação detalhada do projeto conseguiu convencer os indígenas. De acordo com a proposta, a usina hidrelétrica será construída dentro de um espaço de 300 metros sobre o rio Teles Pires, alcançando uma área alagada de 152 mil metros quadrados, por uma extensão de 63 quilômetros, com a maioria dentro do estado do Mato Grosso, nos municípios de Paranaíta e Alta Floresta, onde já foram realizadas audiências públicas.
O prefeito da cidade, Raulien de Oliveira Queiroz, que é servidor licenciado da Funai, foi um dos últimos a tomar a palavra. Ele disse que até concorda com o projeto, mas sugeriu que o governo crie mecanismos que possam permitir a criação de um consórcio, envolvendo os municípios da área de influência da hidrelétrica.
A parte da hidrelétrica que atinge o município atingiria diretamente território dos mundurukus, na Terra Indígena. Além desta, estão previstas no Complexo Teles Pires mais 5 hidrelétricas.
O referido complexo é composto pelas UHEs de Sinop, São Manoel, Teles Pires, Colíder, Magessi e Foz do Apiacás.
*Com informações do Diário do Pará e do blog da Telma Monteiro
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