Após cumprida as formalidades iniciais para dar início a audiência pública em Anapu no último dia 25, coube a Pedro dos Santos, o Pedrinho, dirigente regional da Fetagri na Transamazônica, fazer a primeira fala da “sociedade civil” presente no evento.
O sindicalista tentou seguir um roteiro conciliador. Fez elogios à Comissão Pastoral da Terra de Anapu, num discurso que não foi seguido pelos seus aliados que se sucederam no microfone.
Os ‘panos quentes’ foram acompanhados por um discurso de responsabilização do Estado pelo abandono da região e pela extração ilegal de madeira. Segundo Pedrinho, a Fetagri e o STTR de Anapu sempre denunciaram o roubo de madeira nos assentamentos da região, mas nunca fora atendidos. Ao Incra coube também críticas pela situação dos assentamentos e o processo de colonização da região.
Antes do discurso, Pedrinho conversou com o jornalista João Carlos Mangalhães, onde afirmou que não há invasão de madeireiras no PDS Esperança. Para o dirigente, tanto em Anapu como em toda Transamazônica, o que ocorre é “apenas” a venda de madeira por agricultores que querem sobreviver, ainda que ilegalmente. A jornalista Érika Morthy (@erikamorhy), que também fazia a cobertura da audiência, revelou em seu twitter que Pedrinho da Fetagri teria dito ainda para o jornalista da Folha que tudo aquilo não passava de um briga pessoal entre o Padre Amaro e o Prefeito de Anapu, Chiquinho do PT.
É inegável a ausência do Estado na Transamazônica e na Amazônica como um todo. Especialmente para atender os direitos básicos do povo, já que para os grandes empreendimentos do capital o Estado está mais do que presente (vide o caso Belo Monte).
Mas Pedrinho da Fetagri só esqueceu de falar, tanto publicamente como nos bastidores, que o Estado brasileiro é comando pelo seu partido (PT) a mais de oito anos e que o estado do Pará foi governado por Ana Júlia, também petista e sua aliada, nos últimos quatro anos e que a Prefeitura local é comanda há dois anos por ninguém menos que Chiquinho do PT, oriundo dos quadros da entidade.