sábado, 5 de março de 2011

O que podem esperar do novo governo brasileiro os povos da Amazônia?

Por Edilbeto Sena*

Mesmo ainda sendo cedo para diagnóstico e previsão de rumos da política do governo Dilma Russef, alguns sinais já aparecem no cenário nacional. Sem jogo de cintura, nem físico, nem político, ela vai impondo um estilo de governo do “eu quero e assim tem que ser feito”.

O caso da imposição do salário mínimo de R$ 545,00 e não, como desejavam as centrais sindicais de R$ 560,00 dá uma idéia do que vem pela frente. O Congresso nacional, como cão de chácara, obedeceu fielmente à patroa. E as Centrais Sindicais, que fizeram a campanha para elegera presidenta, como carneiros em tosquia, se calaram em sua insignificância. Não têm mais força e prestígio de eras passadas para convocar uma greve nacional e exigir respeito da governanta.

Agora, no caso da hidroelétrica de Belo Monstro, o feitor da fazenda, Edson Lobão, exigiu pressa na licença de qualquer jeito para o início das obras. O IBAMA, baixou a crista com o rabo entre as pernas e cedeu licença ilegal. Barrada por um juiz federal, corajoso do Pará, logo chegou um desembargador subserviente, preferiu burlar a constituição nacional e garantiu à patroa que, não só Belo Monstro, mas também as usinas de Jirau e Santo Antônio que já foram licenciadas e estão em construção, com graves impactos ao ambiente e ao povo, como também Teles Pires e o Complexo Tapajós serão logo aprovados se depender dele. Mesmo que tenha de dar explicações falaciosas e abusando do poder de juiz. A troco de quê o desembargador deu liminar tão rápida? Deus sabe e o próprio.

E assim, o estilo de dona do Brasil da nova presidenta, eleita na sombra do meteórico glamour de Lula da Silva, vai se revelando, para desgraça da Amazônia e de seus povos. Os projetos do PAC são feitos para explorar as riquezas da região, gerar lucros e aumentar o PIB brasileiro a fim de alçar o país à posição de quinta economia mais rica do Planeta. Preocupação com meio ambiente e equilíbrio social são palavras de discurso de posse, mas que não fazem parte de seu programa de governo.

Como bem analisou José Antonio Moroni, membro do INESC (Instituto de Estudos Sócio-Econômicos) “a primeira medida do governo Dilma, na área do social, foi pedir uma nova definição de linha de miséria e de pobreza, onde o único critério é o da renda per capita da família. Isto é uma subordinação da lógica do social à lógica econômica”, concluiu o analista. Com tal perspectiva o que mesmo podem os pobres povos da Amazônia esperar de melhoria de vida promovido por uma presidenta que prioriza PAC e PIB, em vez de vidas humanas?

*Pároco diocesano e Coordenador da Rádio Rural AM de Santarém. Editorial do Programa RNA de 05 de março de 2011.
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