quinta-feira, 24 de março de 2011

Greves operárias em Pernambuco, Ceará, Sergipe e litoral de São Paulo

Foto: Helia Scheppa/AE
Depois das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, estouram grandes greves operárias em Pernambuco e Ceará. No litoral de São Paulo e Sergipe, petroleiros também estão parados.

Em Pernambuco, a greve dos trabalhadores da Refinaria Abreu e Lima - ganhou a adesão dos operários da Petroquímica Suape, em Ipojuca, e, segundo estimativa de Wilmar Santos, da Federação Nacional dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada, há aproximadamente 35 mil trabalhadores parados nesta quarta-feira (23) em todo o Complexo Industrial de Suape.

O Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon) – que representa as empresas – entrou na justiça na terça-feira (22) pedindo que seja reconhecida a ilegalidade da greve e solicitando o retorno imediato ao trabalho. Segundo Santos, a prática de paralisação vem acontecendo na região há cerca de oito ou nove meses, mas eram “paralisações inexpressivas”.

O atual movimento grevista teve início em fevereiro e contava com a adesão de cerca de 5 mil trabalhadores do Consórcio Conest – formado pelas empresas Odebrecht e Construtora OAS.
As péssimas condições de trabalho e os baixos salários impulsionaram o movimento. A situação teria se agravado em 10 de fevereiro deste ano, quando dois trabalhadores foram baleados durante uma assembleia. A direção do sindicato da categoria, ligado à Força Sindical, teria apelado para a violência. Após a assembléia e dos tiros, o movimento cresceu e se expandiu para outras áreas, chegando na última semana a Petroquímica de Suape.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) passou a mediar as negociações entre patrões e funcionários. O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Pernambuco que havia marcado para esta quinta-feira (24 de março) o dissídio trabalhista, adiou a audiência para a próxima semana.

Assim como em Jirau, a greve em Suape revela as más condições de trabalho que os trabalhadores das mega-obras do PAC estão submetidos. A Refinaria e a Petroquímica são os dois maiores investimentos do Plano no Estado, com um custo superior a 15 bilhões de reais. Esta é a maior greve nas três décadas de implementação do Complexo de Suape e mobiliza as 29 empresas do consórcio.

Outras greves
Os petroleiros das Unidades de Tratamento de Gás de Caraguatatuba e plataformas de Mexilhão e de Merluza, no litoral de São Paulo estão em greves por melhores condições de segurança e trabalho, por direitos a trabalhadores tercerizados, por isonomia com outras unidades da Petrobras e contra o assédio moral. No site do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (www.sindipetrolp.org.br) é possível conferir notícias do movimento e a pauta de reivindicações.

Cerca de 250 petroleiros terceirizados estão em greve na Unidade de Processamento de Gás Natural [UPGN] da Petrobrás, no Pólo Atalaia, em Aracaju/SE. A UPGN está em processo de parada de produção programada para manutenção preventiva. No entanto, as empresas contratadas pela Petrobrás não estão cumprindo com a tabela salarial apresentada pelo Sindipetro AL/SE (www.sindipetroalse.org.br). Os petroleiros envolvidos diretamente na parada de produção estão em greve desde a manhã da quarta-feira, 23.

Nesta quinta-feira (24 de março) o historiador Airton de Farias colocou em seu twitter que os operários do Porto do Pecém, o maior do Ceará, estão em greve. Na semana passada, um trabalhador foi esmagado num acidente no local de trabalho.


ATUALIZANDO A NOTÍCIA:
Cerca de 3.200 operários do consórcio da usina termelétrica do Pecém entraram em greve nesta semana por melhores condições de trabalho. Entre os pleitos que consideram não atendidos está a previsão de liberação de visitas periódicas aos familiares em suas cidades de origem. Mais de dois mil trabalhadores foram transferidos até o litoral cearense para a obra, prevista para começar a operar em 2011. A maioria deles, segundo a assembleia que aprovou a greve, está insatisfeita.

A usina térmica de carvão localizada em São Gonçalo do Amarante tem capacidade de gerar 720 MW, ou o suficiente para abastecer uma cidade com aproximadamente 5,6 milhões de habitantes - e, portanto, 72% da demanda do Ceará. O projeto faz parte do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e teve a licitação vencida pelo consórcio Energia Pecém, composto pelas empresas MPX, do grupo EBX de Eike Batista, e a portuguesa EDP. O orçamento total da obra é de R$ 3,4 bilhões.

*Com informações do G1, Carta Capital, CSP-Conlutas e Twitter.
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