Enquanto mais de 300 trabalhadores das obras da usina de Jirau ainda se amontoavam em alojamentos precários, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) discutia em um hotel de Porto Velho, o espaço político no governo e o comando sindical dos canteiros das margens do Rio Madeira.
A conversa do tesoureiro da CUT, Vagner Freitas, e sindicalistas locais parecia diálogo de empresários e representantes do Planalto. Em 30 minutos de conversa ouvida pela equipe do Estado, Freitas não citou a situação dos trabalhadores.
O enviado da CUT a Porto Velho defendeu a posição do governo federal e das construtoras. Em um momento de intriga, Freitas aproveitou para fazer críticas aos ministros Antonio Palocci (Casa Civil), Gilberto Carvalho (Secretaria Geral) e Carlos Lupi (Trabalho), à Força Sindical e ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Foi nesse momento que citou, de forma genérica, as condições de trabalhadores nos canteiros de obras no País. "No PAC é uma palhaçada, uma baixaria", afirmou.
Vagner defendeu a volta dos operários ao trabalho. "Tem de voltar a trabalhar. Eu sou brasileiro, quero ver essa usina funcionando", disse. Em seguida, usou um discurso típico do governo: "O Brasil precisa de energia limpa. A obra da usina precisa voltar a funcionar, porque a sociedade está sendo prejudicada."
Ele orientou os colegas do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (Sticcero) a continuar a briga na Justiça para garantir a representatividade dos operários dos canteiros de Jirau e de Santo Antônio. O Sticcero é acusado de "peleguismo" pelos trabalhadores. "Se a Camargo (Corrêa) quer conversar com vocês em São Paulo, não tem problema. A gente pode ajudar nas negociações por cima."
Ao final do encontro, o Estado perguntou a Vagner Freitas se não era oportuno discutir as condições dos operários de Jirau em vez de debater o comando sindical. "Eu acho", respondeu. Ele também foi questionado se a função dele era discutir "energia limpa". Afirmou que o momento era de resolver a crise envolvendo os trabalhadores.
Clube
Do outro lado da cidade, operários da Camargo Corrêa esperavam os últimos ônibus disponibilizados pela empresa para transportar trabalhadores de volta às suas casas. À tarde, no clube Nautillus, um dos locais usados pela construtora para alojar operários desde o quebra-quebra da semana passada no canteiro de Jirau, o maranhense Francisco Alves Conceição, 20, reclamou do valor pago pela empresa para as despesas com alimentação durante a viagem.
"Até Presidente Dutra, no Maranhão, são três dias e três noites. O ônibus vai deixar a gente lá. Ainda terei de pegar condução para chegar à minha cidade, Santa Efigênia, que custará uns R$ 40. Na estrada, uma refeição não sai por menos de R$ 12. Faz a conta." O paraense Luciano da Silva Nunes, 20, de Tucuruí, disse que foi avisado que o ônibus irá até Belém. Estima que levará quatro dias para chegar à capital do Pará. Ele terá de pagar uma condução até Tucuruí, a 453 quilômetros de Belém. "Não vai dar para comer durante a viagem com apenas R$ 100."
A conversa do tesoureiro da CUT, Vagner Freitas, e sindicalistas locais parecia diálogo de empresários e representantes do Planalto. Em 30 minutos de conversa ouvida pela equipe do Estado, Freitas não citou a situação dos trabalhadores.
O enviado da CUT a Porto Velho defendeu a posição do governo federal e das construtoras. Em um momento de intriga, Freitas aproveitou para fazer críticas aos ministros Antonio Palocci (Casa Civil), Gilberto Carvalho (Secretaria Geral) e Carlos Lupi (Trabalho), à Força Sindical e ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Foi nesse momento que citou, de forma genérica, as condições de trabalhadores nos canteiros de obras no País. "No PAC é uma palhaçada, uma baixaria", afirmou.
Vagner defendeu a volta dos operários ao trabalho. "Tem de voltar a trabalhar. Eu sou brasileiro, quero ver essa usina funcionando", disse. Em seguida, usou um discurso típico do governo: "O Brasil precisa de energia limpa. A obra da usina precisa voltar a funcionar, porque a sociedade está sendo prejudicada."
Ele orientou os colegas do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (Sticcero) a continuar a briga na Justiça para garantir a representatividade dos operários dos canteiros de Jirau e de Santo Antônio. O Sticcero é acusado de "peleguismo" pelos trabalhadores. "Se a Camargo (Corrêa) quer conversar com vocês em São Paulo, não tem problema. A gente pode ajudar nas negociações por cima."
Ao final do encontro, o Estado perguntou a Vagner Freitas se não era oportuno discutir as condições dos operários de Jirau em vez de debater o comando sindical. "Eu acho", respondeu. Ele também foi questionado se a função dele era discutir "energia limpa". Afirmou que o momento era de resolver a crise envolvendo os trabalhadores.
Clube
Do outro lado da cidade, operários da Camargo Corrêa esperavam os últimos ônibus disponibilizados pela empresa para transportar trabalhadores de volta às suas casas. À tarde, no clube Nautillus, um dos locais usados pela construtora para alojar operários desde o quebra-quebra da semana passada no canteiro de Jirau, o maranhense Francisco Alves Conceição, 20, reclamou do valor pago pela empresa para as despesas com alimentação durante a viagem.
"Até Presidente Dutra, no Maranhão, são três dias e três noites. O ônibus vai deixar a gente lá. Ainda terei de pegar condução para chegar à minha cidade, Santa Efigênia, que custará uns R$ 40. Na estrada, uma refeição não sai por menos de R$ 12. Faz a conta." O paraense Luciano da Silva Nunes, 20, de Tucuruí, disse que foi avisado que o ônibus irá até Belém. Estima que levará quatro dias para chegar à capital do Pará. Ele terá de pagar uma condução até Tucuruí, a 453 quilômetros de Belém. "Não vai dar para comer durante a viagem com apenas R$ 100."
Fonte: IUH