quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Milhares vão às ruas de Honduras durante suspensão de toque de recolher

Milhares de hondurenhos participaram de uma passeata em Tegucigalpa exigindo a restituição de Zelaya assim que começou a suspensão do toque de recolher. O governo de Roberto Micheletti suspendeu a medida, decretada na segunda-feira, após o retorno surpresa de Zelaya ao país, entre 10h e 17h (13h e 20h em Brasília).

A passeata que, segundo os dirigentes da Frente Nacional de Resistência contra o Golpe de Estado, tinha pelo menos dois quilômetros, saiu da Universidade Pedagógica, a leste da capital, e se dirigiu rumo à sede das Nações Unidas, no centro da cidade.

O líder da Resistência, Rafael Alegría, assegurou que os participantes da caminhada eram, basicamente, moradores de Tegucigalpa, já que não houve possibilidade de mobilizar pessoas do interior do país, devido ao toque de recolher.

Segundo a agência Associated Press, milhares de seguidores de Zelaya marcharam em direção à embaixada brasileira, mas foram impedidos de seguir adiante por soldados e policiais que usaram gás lacrimogêneo para dispersá-los depois que os manifestantes atiraram pedras e paus.

A polícia disse que prendeu 113 pessoas depois que dezenas de empresas foram saqueados quando os manifestantes entraram em choque com policiais na noite desta terça-feira. Pelo menos uma pessoa morreu nos protestos.

Um porta-voz policial disse que houve também manifestações pró-Zelaya, na cidade de San Pedro Sula, cerca de 240 km ao norte de Tegucigalpa, e em duas outras cidades. A Frente de Resistência, composta por organizações políticas e sociais, têm realizado manifestações diárias a deposição de Zelaya.

A maioria dos hondurenhos, no entanto, permaneceu em casa desde o retorno de Zelaya, devido ao toque de recolher, e muitos formaram filas em supermercados, postos de gasolina, bancos e lojas de suprimentos, nas principais cidades do país assim que a medida foi suspensa.


Escolas, empresas, aeroportos e fronteiras foram fechados nos últimos dias, mas as empresas foram autorizadas a reabrir temporariamente nesta quarta-feira para que as pudessem fazer compras.

Mas nem todos se animaram a sair de casa durante a suspensão do toque de recolher.
Em uma rua de Tegucigalpa, a costureira Lila Armendia, 38, viu pelo seu portão de madeira em uma cena de queima de lixeiras por manifestantes.

"É assustador para sair", disse Armendia, que não conseguiu sair de casa apara trabalhar. "É como estar na prisão."

Muitas pessoas decididas a conseguir mantimentos cruzaram nas ruas com jovens mascarados sentados em pedras que usavam para bloquear o tráfego.



Fonte: Folha Online
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