terça-feira, 31 de agosto de 2010

Anapu, Pará: Agricultores pedem ajuda para evitar novos conflitos

Foto: Antônio Cruz/ABr
Missionária denuncia roubo de madeira e diz que clima na região é de tensão

Trabalhadores rurais de Anapu denunciam que nem Ibama e nem Força Nacional foram enviados ao local para tentar minimizar os conflitos na área do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Esperança. A informação foi dada, ontem, pela irmã Jane Dwyer, da congregação Notredame, que integra a Comissão Pastoral da Terra (CPT), em Anapu. Ela teme novos conflitos na área em que, em 2005, foi assassinada a irmã Dorothy Stang. "Desde o ano passado estamos denunciando a invasão do PDS por madeireiros, que tem retirado dia e noite madeira nobre da área. O povo da floresta está determinado a defendê-la, mas os madeireiros estão armados e tememos por um conflito grave, aqui", disse a irmã.

Na semana passada, a denúncia de desmatamento por madeireiros foi feita ao Ministério Público Federal (MPF), que já solicitou à Ouvidoria Agrária o envio de homens da Força Nacional para Anapu. Porém, até ontem nem a tropa e nem representantes do Ibama haviam chegado ao local. O ouvidor agrário nacional, desembargador Gercino José da Silva Filho, disse que vai solicitar ao Ministério da Justiça o envio dos policiais da Força Nacional de Segurança para a região, mas não informou data. "Até áreas indígenas que fazem fronteira com o PDS já foram invadidas pelos madeireiros. É preciso que o Ibama e que a Força Nacional venham para cá para apurar isso e defender a floresta", apela a irmã Jane Dwyer.

Em carta feita pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e enviada às autoridades, a entidade denuncia que a invasão dos madeireiros também ocorre no PDS Virola Jatobá. "No projeto Virola Jatobá está sendo construída uma guarita, onde eles mesmos (povo da floresta) vão ficar de guarda e defender a sua floresta de madeireiros invasores atrás de madeira ilegal", diz a carta. "Mas é preciso que se saiba que os madeireiros estão armados, enquanto os guardas não, o que pode gerar um conflito grande no local", disse irmã Jane Dwyer. Nos dois projetos, segundo a denúncia, desde dezembro as áreas estão invadidas por madeireiros que saem dia e noite cheios de madeira nobre, como, ipê, jatobá, angelim, castanheira. O documento denuncia os nomes dos invasores: Divino Gambira, Alagoano, Délio Fernandes, César, o filho de Silvino, Lázaro, Manin, João e Gerson.

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