No conteúdo dos documentos, uma conclusão: O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) usa informantes dentro do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para ocupar as terras que serão desapropriadas pelo governo.
Os diplomatas acusam ainda os sem-terra de alugarem lotes dos assentamentos para o agronegócio no Pontal do Paranapanema (SP). Um dos documentos ironiza o fato do movimento reivindicar terras férteis e depois repassá-las ao agronegócio: "A prática do MST de distribuir lotes de terra fértil a seus fiéis e de alugar a terra de novo ao agronegócio é irônica, para dizer o mínimo. O presidente Lula tem sido flagramente silencioso com suas promessas de campanha de apoiar o MST por uma boa razão: uma organização que ganha terra em nome dos sem-terra e depois as aluga para as mesmas pesssoas de quem tirou tem um sério problema de credibilidade", escreve o cônsul geral de São Paulo, Thomas White, em 29 de maio do ano passado. O comentário foi feito após o diplomata ouvir um relatório de seu assessor econômico, que conversara com empresários de Presidente Prudente (contrários ao movimento) e com o historiador americano Cliffor Welch que integra o Nera (Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos em Reforma Agrária), apresentado como "pró-MST".
O pesquisador teria sido a fonte da informação de que o MST usa seus contatos dentro do Incra para decidir as áreas a serem ocupadas e posteriormente desapropriadas.
As situação de esvaziamento do MST e a sua relação com o governo Lula é tema de um telegrama em 2006 do então cônsul em São Paulo, Christopher McMullen:
"Estão enfrentando uma significativa mudança em sua organização. O número de integrantes cai lentamente, assim como o número de invasões que realiza. Alguns observadores citam o programa de transferência de renda para os probres, o Bolsa Família, como declínio das atividades do MST. Além disso, o MST espera por maior vontade política do governo Lula na redistribuição de terras. Uma aparente indisposição de parte do governo em fazer isso pode estar desgastando o MST e levando-o a procurar a acomodação em vez do confronto".
Em outro telegrama do Consulado em São Paulo, em 2008, afirma:-se
"Esperavam mais suporte do presidente Lula, mas não podem criticá-lo porque ele é muito popular com seu eleitorado graças ao Bolsa Família. Então, o jogo tem de ser feito nos bastidores. As invasões são moedas de troca, daí alguns créditos ou subvenções para os parceiros do movimento que garantam a paz".
Leia tudo em MST teria espiões no Incra para orientar invasões, revelam telegramas vazados pelo WikiLeaks
No blog da Natália Viana/WikiLeaks:
- Consulado dos EUA acusa MST de “alienar os locais”
- Embaixada vê MST em declínio
- Terra americana
- Abril vermelho
Na Rede de Comunicadores pela Reforma Agrária: