segunda-feira, 6 de setembro de 2010

2010: uma nova geografia dos conflitos agrários?


Divulgando e analisando os conflitos agrários no Brasil há mais de 25 anos (veja o caderno sobre o ano de 2009 na coluna lateral do blog), a Comissão Pastoral da Terra divulgou na semana passada dados parciais referentes ao primeiro semestre deste ano.
Três elementos chamam a atenção nestes dados:
  • O primeiro é o aumento de Conflitos pela Água em 2010 que cresceram em 32% se comparado com o mesmo período do ano passado. Foram registrados pela CPT, 29 conflitos pela água envolvendo 25.255 famílias. No primeiro semestre de 2009 foram registrados 22 conflitos envolvendo 20.458 famílias. Em todas as regiões, menos no Norte, os conflitos pela água cresceram;

  • O segundo é que mais da metade dos conflitos por terra, 54%, ocorreram no Nordeste, onde cresceu o número de conflitos. Diferentemente do restante do país, o número de conflitos por terra no Nordeste passou de 158, em 2009, para 194, em 2010. As ocorrências de conflitos por terra passaram de 95 para 126 e o de ocupações de 57, para 65. Já o número de acampamentos reduziu de 6, para 3. Nas demais regiões do Brasil, os conflitos por terra, ocupações e acampamentos sofreram redução, em 2010, em relação ao mesmo período de 2009;

  • E o terceiro, muito preocupante, é que contrariamente ao restante do Brasil, no Sudeste e no Sul do país cresceram e de forma expressiva, alguns índices de conflitos e violência. Nestas duas regiões, “mais ricas e desenvolvidas do país”, cresceu o número de trabalhadores presos e o de agredidos. Além disso, cresceu o número de ações de despejo. Outro dado provoca estranheza. No Sudeste e no Sul, tanto em 2009, quanto em 2010, todos os estados destas regiões, registraram ocorrências de trabalho escravo. O Sudeste com o aumento de ocorrências, porém com diminuição de trabalhadores envolvidos e libertados, e o Sul com a diminuição das ocorrências, mas com aumento significativo no número de trabalhadores envolvidos e libertados. O que anos atrás era atribuído ao atraso das regiões Norte e Nordeste, agora se constata com persistência e crescimento nas regiões onde o “progresso” já se instalou definitivamente.
Como dados ainda são parciais, não é possível ainda afirmar uma mudança em relação aos anos anteriores, onde predominou os conflitos na região amazônica. Também ainda não é possível afirmar se houve um arrefecimento dos movimentos sociais devido ao calendário eleitoral.

Saiba mais:
Dados parciais sobre a água no período de jan-jul 2009-2010

Dados parciais sobre despejos e expulsões no período de jan-jul 2009-2010

Dados parciais sobre as manifestações no período de jan-jul 2009-2010

Maiores informações: Cristiane Passos (Assessoria de Comunicação da CPT): (62) 4008 6406 / 8111

Canuto (Assessoria de Comunicação da CPT): (62) 4008 6412

www.cptnacional.org.br

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