Por Edilberto Sena*
Hoje, poucas horas depois de os 10 ministros do assim chamado Supremo Tribunal Federal empatar em 5x5 e não decidir pela exclusão dos candidatos Ficha Suja das eleições de outubro próximo, se pode cantar parte da música – Perfeição, dos grupo Legião Urbana que diz – “ Vamos celebrar nossa justiça, a ganância e a difamação, vamos celebrar as mentiras e os seqüestros e toda a hipocrisia...” A música segue neste ritmo e cai como luva no momento atual em que os ministros do STF utilizam a bacia d`água de Pilatos revivida, como dez pro cônsules brasileiros a serviço do império da imoralidade política.
Eles, nesta madrugada lavaram, as mãos e condenaram o povo brasileiro ao ridículo. Um deles, que na véspera encheu-se de dúvidas quanto à aplicação da lei do Ficha Limpa nas próximas eleições, surpreendentemente 24 horas depois, o homem ficou iluminado e gastou duas horas de argumentos para votar contra a aplicação da lei, permitindo assim que os ficha suja possam continuar candidatos e até serem eleitos, caso ingênuos, oportunistas e corruptos eleitores votem neles.
Cinco ministros garantiram que a lei da Ficha Limpa não alterou o processo eleitoral próximo e, portanto não feriu a Constituição. Segundo eles não há direito adquirido a ser candidato. Porém, outros cinco ministros do Supremo Tribunal Federal, que não é tão supremo como dizem, afirmaram que a lei da Ficha Limpa só valerá dentro de um ano, depois de aprovada. Portanto, negaram sua aplicação nestas próximas eleições, deixando livres 242 corruptos já condenados em duas instâncias judiciais, inclusive o Superior Tribunal Eleitoral.
Ao final da sessão, pelas primeiras horas de hoje a triste novela terminou empatada, para alegria dos candidatos ficha suja e indignação de toda a nação brasileira esclarecida e ética. Como o presidente do STF recusou cometer mais uma imoralidade usando o voto de minerva, a sessão foi suspensa sem solução. E assim, a decisão sobre os ficha suja fica para não se sabe quando no futuro longínquo.
Os atuais ficha suja estarão tranqüilos aguardando os votos dos ingênuos e dos eleitores esclarecidos mas corruptos também, que trocam voto por favores. Se estes condenados escaparam da degola, imagine os ficha suja que ainda não foram condenados mas são conhecidos por seu passado. Daí que se pode afirmar sem erro que o Supremo Tribunal Federal, última instância judicial do país não tão supremo assim. Além do mais lançam ao brejo a democracia, ainda mais que um deles chegou a afirmar que os ministros não podem ficar reféns da opinião pública em detrimento da lei. Que escárnio, como se a lei criada no Congresso Nacional fosse apenas opinião pública.
*Pároco diocesano e Coordenador da Rádio Rural AM de Santarém. Editorial de 24 de setembro de 2010.
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