quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Socializando o prejuízo: Fundo Amazônia pode “salvar” Belo Monte

Coisas do Brasil. Criado como uma promessa para salvar a Amazônia, o fundo que leva o nome da região pode na verdade ser um financiador da mega-hidrelétrica de Belo Monte.


Fundo poderá bancar até 60% do projeto da usina de Belo Monte


A Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) deve financiar parte das obras da usina de Belo Monte. O assunto tem sido discutido com a direção da Eletronorte, subsidiária da Eletrobrás que será operadora da hidrelétrica no rio Xingu (PA).

"Já apresentamos um estudo financeiro que mostra a viabilidade da nossa participação. Temos o máximo interesse em financiar o projeto", disse ao Estado o superintendente da autarquia, Djalma Bezerra Mello.

O dinheiro para bancar parte dos custos envolvidos na construção da usina virá do Fundo de Desenvolvimento da Amazônia (FDA), criado para financiar a implantação, ampliação e modernização de empreendimentos privados na Amazônia Legal. Segundo Djalma Mello, o fundo pode bancar até 60% do projeto. O limite, na prática, é o volume de dinheiro disponível.

Como o fundo é composto por recursos do Orçamento federal, para que o FDA banque porção significativa da usina seria necessário um aumento dos aportes por parte do Tesouro Nacional. O fundo deve receber em 2011 um total de R$ 1,8 bilhão da União. Mas o valor pode ser incrementado desde que o governo, que efetivamente controla o grupo que irá administrar a usina, decida elevar esse montante.

Debêntures
Para receber dinheiro do FDA, a Norte Energia, sociedade constituída para administrar a usina de Belo Monte, teria que emitir debêntures conversíveis em ações. O fundo repassaria o dinheiro para os sócios da usina e receberia em troca essas debêntures podendo, no futuro, converter estes títulos em participação societária no projeto. As ações seriam vendidas posteriormente.
"Não é interesse do fundo imobilizar seu capital em ações. O objetivo é fomentar os projetos na Amazônia", disse Mello.

Por se tratar de um projeto de infraestrutura, as regras do FDA permitem que até 50% do financiamento seja transformado em participação acionária. Portanto, se os sócios de Belo Monte usarem, por exemplo, R$ 10 bilhões do FDA, R$ 5 bilhões seriam convertidos em ações da Norte Energia.
Uma das vantagens oferecidas pela Sudam é o custo do financiamento. Segundo Djalma Mello, quem toma empréstimo no FDA se compromete a pagar 7% de juros anuais. Além disso, o contrato pode ser quitado em 30 anos, sendo que a primeira parcela só será cobrada 12 meses após o início efetivo da operação da usina.
"O objetivo da Sudam não é ganhar dinheiro, é promover desenvolvimento", defendeu o superintendente da autarquia.
A Sudam já financiou a instalação de pequenas centrais elétricas, hidrelétricas e térmicas na região amazônica. Atualmente, o FDA está bancando parte do complexo de linhas de transmissão que irá ligar Tucuruí a Manaus, integrando a capital do Amazonas ao Sistema Interligado Nacional de energia elétrica.
Fonte: O Estado de São Paulo

Leia ainda:
"Tapajós inundará 9.500 hectares de floresta do Parque Nacional da Amazônia, além de terras indígenas"
Fonte: IHU - Instituto Humanitas/Amazônia.org
Comentários
0 Comentários

0 comentários: