A cada dia, a situação de saúde dos 35 presos políticos Mapuche, no Chile, só piora. Ainda assim, até o momento, não houve por parte do governo do presidente Sebastián Piñera qualquer iniciativa concreta, que vise exclusivamente debater e resolver a situação.
Movimentos e organizações sociais de vários países estão se mobilizando em solidariedade à causa e pressionando por uma resposta imediata, antes que haja perdas irreparáveis.
Desde 12 de julho, presos políticos Mapuche sustentam uma ininterrupta greve de fome em favor do fim da Lei Antiterrorista e do duplo processamento na justiça civil e militar. Além destas exigências, também demandam a desmilitarização de seus territórios, que estão constantemente vigiados pelas forças de segurança do país. Há poucos dias, a comunidade de Rayen Mapu foi invadida por policiais, que destruíram casas e levaram presos mais seis indígenas Mapuche.
Tanto tempo sem alimentação e sem qualquer resposta do governo de Piñera está agravando o estado de saúde dos grevistas. Ontem (22), alguns indígenas foram encaminhados com urgência a centros médicos. Felipe Huenchullán, Víctor Queipul e Waikilaf Cadin estão internados na Unidade de Medicina do Hospital Victoria com evidente deterioração física, o mesmo estado de saúde foi apresentado por Héctor Llaitul, encaminhado ao Hospital de Concepción na segunda-feira.
Segundo informações passadas pelo médico e deputado Enrique Accorsi à agência de notícias UPI, depois de 80 dias sem ingerir alimentos se produz um dano irreversível em muitos órgãos do corpo humano como o fígado e os rins, além do dano cerebral. Os Mapuche estão em greve de fome há 73 dias. Em solidariedade com a causa, Accorsi pediu ao governo que abra espaços reais de debate para solucionar o impasse e ressaltou a urgência com que isto deve ser feito, já que alguns indígenas correm risco de morte e de permanecer com danos irreparáveis.
Diante da inércia de Piñera, os familiares dos grevistas estão chamando toda a sociedade mundial a se solidarizar com a causa Mapuche. "Fazemos um chamado às comunidades Mapuche, organizações de direitos humanos, sociais e à opinião pública em geral a unir-se e estar atento, dado os últimos informes médicos realizados nos prisioneiro políticos Mapuche que indicam que seu estado de saúde é crítico e que a partir da semana que vem suas vidas estarão em sério risco vital. Como também realizamos um chamado a acompanhar e apoiar as diferentes atividades e mobilizações convocadas pela Coordenação de familiares".
As famílias estão chamando à agudização das manifestações visto que o governo chileno está querendo fingir que nada está acontecendo. Mediante a exigência de uma mesa de diálogo para tratar especificamente sobre o tema, o governo apenas enviou ao parlamento iniciativas legislativas para modificar a Lei Antiterrorista.
Solidariedade
Em todo o mundo estão sendo registradas ações de solidariedade com a causa. Ontem, aproveitando a oportunidade da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, a Federação Internacional de Direitos Humanos e suas organizações membros no Chile expressaram a Piñera sua preocupação com a dramática situação Mapuche e criticaram sua postura ditatorial de não querer dialogar.
No México, o Comitê de Apoio com os Presos Políticos Mapuche-México se manifestou pela quarta vez em frente à Embaixada chilena. Também os brasileiros desenvolveram mobilizações. No Consulado da República do Chile, em São Paulo, um grupo formado por organizações e movimentos sociais se uniu para entregar uma carta endereçada a Piñera. Além de negar-se a autorizar que fosse certificado o recebimento da mensagem, o Cônsul Aldo Famolaro utilizou o encontro para defender a aplicação da Lei Antiterrorista.
Em Caracas, o Comitê Venezuelano-Chileno de Solidariedade com o povo Mapuche promoveu uma coletiva de imprensa para assegurar apoio aos presos políticos Mapuche. No Chile, cada vez mais pessoas se solidarizam e compreendem a luta Mapuche, prova disso é que mais de 100 pessoas, principalmente em Santiago, Temuco, Valdivia e Puerto Montt também estão realizando jejum e greve de fome.
Nos próximos dias, países como França, Alemanha, Espanha, Argentina, Paraguai, Bélgica, Finlândia, Canadá e Suécia também realizarão manifestações.
Fonte:
Adital.