quinta-feira, 3 de março de 2011

Carta Manifesto do "Movimento Ufopa Livre!"

À COMUNIDADE ACADÊMICA DA UFOPA

Prezados e Prezadas, 

Estamos em um MOMENTO CRÍTICO na UFOPA. Nossa tão sonhada UNIVERSIDADE, que tem apenas “um ano” de vida, está sendo demandada pela sociedade. Vozes que ecoavam no âmbito da instituição agora ecoam fora (blogs, rádios, jornais, revistas e televisão). Após muitas divergências internas em torno da imposição de um Modelo Acadêmico apresentado veladamente como “inovador”, “flexível” e “interdisciplinar”, a realidade chegou a nossa porta com uma grande sobra de vagas, que demandou diversas repescagens e desmoralizações.
Quem não se lembra da euforia manifestada por e-mails divulgados pela Reitoria em NOVEMBRO DE 2010?

Vejam a vitória de todos nós na divulgação da UFOPA e na implantação do novo modelo acadêmico. Há inscritos de todo o país e 98,74% são do Pará. E não se inscreveram para determinado curso, mas para a UFOPA, em seu novo modelo acadêmico” (Ramalho, R., Pró- Reitor de Ensino, 11/2010).

 “Isso mostra que o Brasil e o Pará aprovam o modelo acadêmico da UFOPA. Significa a credibilidade institucional que tem como base a credibilidade das pessoas que fazem a UFOPA, docentes, técnicos, estudantes e administração sob a liderança do reitor José Seixas Lourenço. Mostra que as pessoas estão dispostas a ajudar a inovar na educação superior. Estão dispostas a buscar resultados melhores do que temos com os modelos acadêmicos das atuais Universidades. Todos estamos acreditando que é possível um mundo melhor e que para isso deve ser cultivada a cultura da aprendizagem na universidade” (Queiroz A., Pró-Reitor de Planejamento, 11/2010).

 “Senti-me muito emocionada em ver que esta universidade, com a inovação a que se propõe está sendo referendada pelos jovens. Afinal de contas é o público a quem nos dedicamos a servir. Primeiramente, é espetacular ver o número de inscritos; é tranqüilizador ver que a quase totalidade é do Pará; especialmente reconfortante é ver o volume de municípios envolvidos além de Santarém; mas é fantástico se ver quase todo o país presente!” (Faria, D. Diretora do CFI, 11/2010).

Em uma matéria amplamente divulgada pelo “Jornal da UFOPA” (nº 1/Dezembro/2010, p. 4), registrou-se também que a “UFOPA recebeu 17.585 inscrições para o seu primeiro processo seletivo, que utilizou a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) para o preenchimento de 1150 vagas. O texto informou ainda que o “Pará apresentou o maior número de inscritos por estado com 17.365 inscritos”. Na ocasião, o Pró-Reitor de Ensino, Prof. Dr. Rodrigo Ramalho, depois de ressaltar que 98,74% eram candidatos do estado do Pará, prosseguiu afirmando que “estamos construindo uma universidade federal voltada para atender às demandas de desenvolvimento regional”. Está se vendo...!

Contudo, diante do não comparecimento da maioria absoluta dos calouros na primeira convocação, forjou-se a explicação de que isto já estava previsto e que o não comparecimento se deve ao fato de a maioria dos aprovados serem de fora do Estado e, por conta disso, fizeram outras escolhas. Daí já estarmos em uma quinta lista de convocação e vagas continuam sobrando. E não estamos falando de uma instituição privada de ensino superior, sim de uma FEDERAL... Mas tudo está em conformidade com a lógica de um discurso para cada ocasião.
Este resultado desastroso para a UFOPA já a muito tinha sido anunciado, mas não por eles, como se percebe nas avaliações citadas acima. Estudantes e professores doutores e mestres, muitos formados em centros de excelência na Amazônia e no Brasil, posicionaram-se com muitas reservas em relação ao “Modelo Acadêmico” proposto pelos Gestores da UFOPA. Mas todos contrários, de imediato, foram publicamente desqualificados como “ultrapassados, radicais, loucos”. Muito se fez no sentido de chamar a atenção dos Gestores Nomeados para o quanto este Modelo Acadêmico estava (e continua estando) na contramão da História e que não atende às demandas do mundo contemporâneo que EXIGE formações disciplinares sólidas para um profícuo e eficaz diálogo interdisciplinar.

 E agora? Vejam o que fizeram com a nossa UFOPA, com nossos projetos profissionais e acadêmicos, com o futuro de jovens estudantes. Jogaram o nome da UFOPA no descrédito, desmoralização perante a Sociedade. BASTA! Temos que defender o nome da Instituição. QUEREMOS NOSSOS SONHOS DE VOLTA. A construção de uma VERDADEIRA UNIVERSIDADE: formação sólida, de qualidade (ensino, pesquisa e extensão) pública, proba, ética, responsável, verdadeiramente integrada às reais necessidades regionais de sua população, que respeite a vontade dos educandos/das, dos povos da Amazônia. 

CHEGA de discursos com idéias pseudo-científicas e pseudo-pedagógicas que ainda sustentam um pensamento nefasto de que os Amazônidas não possuem conhecimento e que aceitam qualquer Projeto mirabolante. Não! Os jovens, a sociedade e povos da região já deram sua resposta, afinal, sua história de luta por uma vida digna e por respeito aos seus conhecimentos é secular, milenar e sabem muito bem identificar um discurso colonizador. Não vamos nos esquecer de CUIPIRANGA, foi bem aqui do outro lado do rio! Sua memória ainda ecoa no meio da mata e entre as águas do Tapajós. Somos os Novos Cabanos!

ESSE MANIFESTO TRADUZ TODA A NOSSA INDIGNAÇÃO. CHEGA DE TANTA DESMORALIZAÇÃO DA UFOPA!  QUEREMOS UMA UNIVERSIDADE QUE NÃO SIRVA APENAS PARA ALIMENTAR ENGANOSAS ESTATÍSTICAS GOVERNAMENTAIS! LIVRE DOS INTERESSES IMEDIATISTAS DO MERCADO, DO DISCURSO NEOLIBERAL E DO CAPITAL PRIVADO! LIVRE DO AUTORITARISMO E DAS HISTÓRICAS ESTRATÉGIAS DE IMPOSIÇÃO DE PROJETOS EXPERIMENTAIS IMPLANTADOS DE “CIMA PARA BAIXO”!     

QUEREMOS PARTICIPAR DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA, GRATUITA, DE QUALIDADE E PARA TODOS! QUEREMOS NOSSO SONHO DE VOLTA!

Santarém, 01 de março de 2011
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