Por Edilberto Sena*
Pão e circo, foi a estratégia dos imperadores romanos para manterem o povão entretido e esquecer os graves problemas da injustiça social que crescia no império. No Brasil hoje, se repete semelhante estratégia com diferentes disfarces.
Há pouco terminou o período do carnaval, financiado em boa parte pelos poderes públicos. Logo em seguida, veio a semana santa e terminada esta, começou o período da Copa do Mundo de futebol. O clima desde então é de copa do mundo. Muitos discutem se a escalação de jogadores feita por Dunga, foi correta ou não, se deixar de fora patos e gansos foi a melhor escolha do técnico. Musiquetas, tipo aquelas da copa do tempo da ditadura do general Médici, rolam abundantemente nas emissoras. Até um gesto novo de marola está sendo ensaiado para levar todos os torcedores a imitarem como boiada no campo. Esta está sendo promovida espertamente como propaganda comercial de uma empresa transnacional. Assim, durante os jogos da seleção brasileira de vez em quando, certamente a multidão de patriotas se levantará com os braços para cima e ainda gritando uníssonos – Hah!! E outros lembram de comprar o produto da multinacional dona da marola.
Depois da copa do mundo virão logo, logo, os campeonatos brasileiro, série A, B, C, D. Na Amazônia virão os carnavais de bois de Parintins, no Amazonas e do Sairé de Alter-do-Chão, no Pará. Em seguida virão dois eventos, um circense e outro religioso devocional. O primeiro são as eleições nacionais e o outro, a grande festa do Círio de Nazaré, em Belém, que arrastará multidões impressionantes às ruas da cidade.
O outro, o circense, as eleições, que também antecipou o período estando já desde agora em clima de disputa entre dois malabaristas do grande circo em busca da cadeira de presidente da República. Há outros candidatos, mais para figurantes de cena. Os dois principais se apresentam como se houvesse apenas lugar para um dos dois. Ambos se desdobram em malabarismos para impressionar a platéia que desta vez, está fria por já conhecer os truques do circo.
Nos estados, principalmente na Amazônia, o circo é tão pobre que não tem nem lona para cobrir a platéia, nem proteção para o salto mortal no trapézio. Os candidatos vão para o salto literalmente mortal, só o mais ladino sobreviverá. Falta carisma, seriedade, confiança nos eleitores(as) da região. Tanto faz quem ganhar ou perder, não há motivo para aplausos. Inclusive vários dos candidatos a cargos eletivos têm uma folha corrida de disputar com narcotraficantes, são os ficha suja, que tentam se reeleger para escapar da degola definitiva, segurando-se na imunidade parlamentar, uma das indecências da política brasileira.
É verdade que a nova lei da ficha limpa estará no seu encalço e eles e elas terão que ter mais “prudência” em suas falcatruas, se eleitos. Isto é o circo de hoje.
E o pão oferecido às multidões? Aí estão os vários pratinhos: Bolsa família, que deveria ser apenas o início do plano Fome Zero, que se executado seriamente tiraria maior parte dos pobres da miséria; aí estão os micro créditos argolando aposentados e pensionistas do INSS; aí está o esperançoso programa Minha Casa minha Vida, que chega justamente agora em véspera das eleições nacionais. Isto além de outras pequenas benfeitorias, que entretêm a população e fazem subir o índice de popularidade de alguns.
Ao grande capital o “império” brasileiro oferece a bandeja cheia de queijo e caviar. Até quando pão e circo vão manter a turba calma é o que se pergunta. Roma teve seu dia em que o pão e o circo não foram suficientes.
* Pároco diocesano e Coordenador da Rádio Rural AM de Santarém. Editorial da Rede de Notícias da Amazônia de 24 de maio de 2010.
Pão e circo, foi a estratégia dos imperadores romanos para manterem o povão entretido e esquecer os graves problemas da injustiça social que crescia no império. No Brasil hoje, se repete semelhante estratégia com diferentes disfarces.
Há pouco terminou o período do carnaval, financiado em boa parte pelos poderes públicos. Logo em seguida, veio a semana santa e terminada esta, começou o período da Copa do Mundo de futebol. O clima desde então é de copa do mundo. Muitos discutem se a escalação de jogadores feita por Dunga, foi correta ou não, se deixar de fora patos e gansos foi a melhor escolha do técnico. Musiquetas, tipo aquelas da copa do tempo da ditadura do general Médici, rolam abundantemente nas emissoras. Até um gesto novo de marola está sendo ensaiado para levar todos os torcedores a imitarem como boiada no campo. Esta está sendo promovida espertamente como propaganda comercial de uma empresa transnacional. Assim, durante os jogos da seleção brasileira de vez em quando, certamente a multidão de patriotas se levantará com os braços para cima e ainda gritando uníssonos – Hah!! E outros lembram de comprar o produto da multinacional dona da marola.
Depois da copa do mundo virão logo, logo, os campeonatos brasileiro, série A, B, C, D. Na Amazônia virão os carnavais de bois de Parintins, no Amazonas e do Sairé de Alter-do-Chão, no Pará. Em seguida virão dois eventos, um circense e outro religioso devocional. O primeiro são as eleições nacionais e o outro, a grande festa do Círio de Nazaré, em Belém, que arrastará multidões impressionantes às ruas da cidade.
O outro, o circense, as eleições, que também antecipou o período estando já desde agora em clima de disputa entre dois malabaristas do grande circo em busca da cadeira de presidente da República. Há outros candidatos, mais para figurantes de cena. Os dois principais se apresentam como se houvesse apenas lugar para um dos dois. Ambos se desdobram em malabarismos para impressionar a platéia que desta vez, está fria por já conhecer os truques do circo.
Nos estados, principalmente na Amazônia, o circo é tão pobre que não tem nem lona para cobrir a platéia, nem proteção para o salto mortal no trapézio. Os candidatos vão para o salto literalmente mortal, só o mais ladino sobreviverá. Falta carisma, seriedade, confiança nos eleitores(as) da região. Tanto faz quem ganhar ou perder, não há motivo para aplausos. Inclusive vários dos candidatos a cargos eletivos têm uma folha corrida de disputar com narcotraficantes, são os ficha suja, que tentam se reeleger para escapar da degola definitiva, segurando-se na imunidade parlamentar, uma das indecências da política brasileira.
É verdade que a nova lei da ficha limpa estará no seu encalço e eles e elas terão que ter mais “prudência” em suas falcatruas, se eleitos. Isto é o circo de hoje.
E o pão oferecido às multidões? Aí estão os vários pratinhos: Bolsa família, que deveria ser apenas o início do plano Fome Zero, que se executado seriamente tiraria maior parte dos pobres da miséria; aí estão os micro créditos argolando aposentados e pensionistas do INSS; aí está o esperançoso programa Minha Casa minha Vida, que chega justamente agora em véspera das eleições nacionais. Isto além de outras pequenas benfeitorias, que entretêm a população e fazem subir o índice de popularidade de alguns.
Ao grande capital o “império” brasileiro oferece a bandeja cheia de queijo e caviar. Até quando pão e circo vão manter a turba calma é o que se pergunta. Roma teve seu dia em que o pão e o circo não foram suficientes.
* Pároco diocesano e Coordenador da Rádio Rural AM de Santarém. Editorial da Rede de Notícias da Amazônia de 24 de maio de 2010.