de Campinas (SP)*
A copa de 1978, na Argentina, foi a quarta na América Latina e ocorreu em um período em que o continente estava dominado por ditaduras militares, como a boliviana, onde cinco mulheres acabavam de iniciar uma greve de fome. Ou a nicaragüense, que já enfrentava a guerrilha que viria a conquistar o poder mais tarde. No Brasil, vivíamos também sob uma ditadura, mas mobilizações operárias começavam a estourar, principalmente com as greves no ABC paulista.
Nos anos da ditadura, o país sofreu uma grande abertura econômica, com a eliminação de barreiras alfandegárias. Isso, combinado com o ataque à legislação trabalhista e à organização sindical, degradou em muito as condições de vida da classe trabalhadora. Ao final da ditadura, a dívida externa tinha quadruplicado.
É bem verdade que a Copa do Mundo havia sido marcada bem antes da instauração da ditadura em 1976, mas, com certeza a ditadura de Videla se aproveitou do evento esportivo e da paixão dos argentinos pelo futebol para encobrir seu sanguinário regime. A conquista do título foi colocada como prioridade nacional e, para tanto, volumosas quantias de dinheiro foram injetadas para a ampliação de estádios e aeroportos. Tudo impecável, para camuflar as atrocidades contra os opositores.
- Mais informações sobre a Copa de 1978*:
- Curiosidades da Copa:
- A Copa do Mundo FIFA de 1978 foi a 11ª Copa do Mundo de Futebol disputada, e contou com a participação de 16 países. 97 países participaram das eliminatórias;
- Ainda na primeria fase, a seleção francesa entrou em campo de branco em protesto contra o regime e contra a arbitragem da copa. O uniforme era idêntico ao time da Hungria, o adversário do jogo. Após mais de 40 minutos de confusão, os jogadores da França acabaram sendo obrigados a jogarem com uniformes verdes listrado de branco, cedidos as pressas por um time amador, o Kimberley. Os franceses venceram o jogo por 3x1;
- No grupo do Brasil, a seleção canarinho perdida em meio aos malabarismos táticos do técnico Cláudio Coutinho não se encontrava. O time era inseguro, apático e sem imaginação. No primeiro jogo o Brasil empatou com a Suécia, 1 x 1. Neste jogo uma curiosidade. Último lance do jogo. Escanteio a favor do Brasil, bola centrada na área e gol de Zico de cabeça. Só que o juiz encerrou o jogo com a bola no ar, após a batida do corner. O Brasil ainda empatou com a Espanha em 0 x 0. E só se classificou ao vencer a Áustria no terceiro jogo, 1 x 0, gol de Roberto Dinamite. A Áustria que venceu os dois primeiros jogos ficou com a outra vaga;
- A Holanda, apesar de perder para Escócia, se classifivou pelo Grupo C, junto com o Peru. No grupo D, Alemanha Ocidental e Polônia se classificaram;
- A segunda fase, foram formadas duas chaves. Brasil e Argentina caíram no mesmo grupo e em um jogo nervoso empataram em 0 a 0, em Rosário. O Brasil se recuperou da apatia da e venceu a forte seleção peruana por 3 x 1. A Argentina passou pela Polônia por 2 x 0. Na última rodada, o Brasil venceu de forma brilhante a Polônia por 3 x 1. Com este resultado só restava à Argentina vencer o Peru por 4 gols de diferença! Porém o Peru, entrou em campo passeando, abriu mão do direito de jogar, e levou um vareio de 6 x 0.;- O jogo Argentina e Peru é tido como uma das maiores armações da história de todas as copas. Atendendo a pedidos das emissoras de TV argentinas que alegaram estarem se adaptando a era do canal a cores, a FIFA repentinamente alterou o horário dos jogos decisivos do Grupo B das semifinais da Copa de 1978: sendo que o jogo Brasil x Polônia seria disputado no horário vespertino, e o jogo Argentina x Peru no horário noturno, o selecionado argentino entrou em campo praticamente com o resultado na mão. Frise-se que o goleiro peruano era argentino de nascimento, Quiroga, e que falhou bisonhamente em vários gols. Porém nada ainda foi provado, e cabe aos argentinos sempre o benefício da dúvida;
- Fernando Rodríguez Mondragón, filho de um chefe do tráfico de drogas Colombiano, declarou em 2007 à Rádio Caracol (Colômbia) que o desarticulado cartel de Cáli subornou a seleção do Peru, com uma cifra não revelada, para que deixasse a seleção da Argentina ganhar o decisivo jogo da segunda fase. A Argentina se classificou tendo os mesmos pontos que o Brasil, mas com melhor saldo de gols. Houve rumores de que a Ditadura Militar argentina desejava o título a todo custo, o que segundo algumas pessoas, explicaria boa parte dos episódios estranhos ocorridos durante a Copa;
- Ao retornarem ao país de origem, a selação peruana foi alvejada por moedas pelos torcedores locais em forma de protesto;
-No outro grupo, a Holanda, que já não era a “laranja mecânica de 1974”, despachou a Áustria (5 x 1), empatou com a Alemanha Ocidental (2 x 2) e ganhou da favorita Itália (2 x 1), conseguindo uma vaga para a final;
- Ao Brasil restou vencer a Itália na decisão de 3º lugar com um golaço de Nelinho. Como a seleção brasileira não perdeu nenhum jogo da copa, ao contrário das finalistas argentina e holandesa, o técnico Cláudio Coutinho utilizou o malabarismo linguístico já que os táticos não funcionaram: "O Brasil foi o campeão moral deste certame";
- Na grande final, Estádio Monumental super lotado. Milhões de papéis picados e bandeiras alvi-celestes. A Argentina pressiona e Kempes abre o placar. A Holanda empatou num belíssimo gol de cabeça. Aos 45 do segundo tempo bola na trave portenha. Prorrogação: a Argentina atropela a laranja mecânica, e vinga a derrota de 4 x 0 sofrida em 74. Final Argentina 3 x 1;
- Durante a cerimônia de premiação, a seleção holandesa deu as costas para o ditador Rafael Videla e se retirou de campo.
-Dias antes, uma TV holandesa que cobria a Copa mostrou ao mundo inteiro o drama das “Madres de La Plaza de Mayo”, em busca de seus filhos presos e desaparecidos. Com a vitória da selação argentina contra o Perú que classificou o time para a final, torcedores tomaram o local dos protestos, que cessaram até o final do evento.
*Fonte: Wikepédia
- Leia o que já foi publicado aqui no blog sobre a história das copas:
1930 - Uruguai: A bola rola, com o mundo em frangalhos
1934 – Itália: O futebol como peça de propaganda do fascismo
1950 – Brasil: A copa tupiniquim
1954 – Suíça: A Guerra Fria vai à final
1958 – Suécia: Afinal, a taça!
1962 – Chile: “Porque nada temos, nós faremos tudo”
1966 – Inglaterra : 'Deus salve o juiz'
1970 – México: A ditadura militar embalada pelo tri
1974 – Alemanha: Generais de bola murcha