Por Edilberto Sena*
De janeiro a abril deste ano, diminuiu a produção madeireira na Região Oeste do Pará. Essa é uma notícia divulgada pela Delegacia do Trabalho em Santarém. Por que terá sido essa queda? Será que o Mercado Internacional de madeiras decidiu cuidar do meio ambiente da Amazônia? Improvável!
Será que a crise financeira, que continua apertando os países europeus, fez diminuir a compra de madeiras da Amazônia? Pode ser parte do motivo. Será por que o inverno está forte e por isso o corte e transporte de madeiras da mata até as serrarias para, normalmente, no inverno? Esta pode ser a principal razão do desemprego de trabalhadores que vão para o mato: caminhoneiros, moto serradores, tratoristas entre outros.
Basta verificar os pátios das dezenas de serrarias na região, como estão lotadas de toras e as serras trabalhando. Quem sofre com a chamada queda de produção madeireira são os trabalhadores de campo, que trabalham na derrubada e transporte toras, e esse número é que aparece nas estatísticas de desempregados e explica a queda na produção madeireira. Mas duvida-se que os empresários madeireiros fiquem mais pobres nessa época.
Agora, a queda na produção madeireira, como diz a notícia: “é bom ou é ruim?” Depende! É bom para a floresta e para o meio ambiente, que descansam um pouco da voracidade da chamada indústria madeireira. É ruim para os pais de família que, sem outra opção de trabalho, se obrigam a ir para o mato e trabalhar no pesado ofício de derrubar mata, ganhar pouco e colaborar para o enriquecimento do patrão.
Como esse trabalho é descartável, a cada inverno eles ficam desempregados e, a cada verão, eles voltam ao trabalho pesado na floresta. Mas o setor madeireiro em si, não vai mal. Não se ouve falar de serrarias sendo fechadas, exceto as clandestinas lá na mata, quando a fiscalização chega lá, uma vez ou outra, e flagra a pirataria.
Fora disso, basta examinar quais as duas maiores fontes de movimentação do porto de Santarém a cada trimestre do ano! Basta monitorar os carregamentos de navios que encostam nas docas do Pará em Santarém, para perceber que os donos de madeireiras continuam faturando o ano inteiro. Queda na produção madeireira pode ser um eufemismo, para justificar que trabalhadores das empresas do ramo ficam desempregados neste período chuvoso do ano.
*Pároco diocesano e Coordenador da Rádio Rural AM de Santarém. Editorial de14.05.2010.
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