sexta-feira, 7 de maio de 2010

Ex-coronel do Exército que está a serviço da Energia Sustentável do Brasil espiona políticos e jornalistas em Rondônia

A frase que você vai ler a seguir foi postada em um site chamado Defesanet por um ex-coronel do Exército Brasileiro chamado Gélio Fregapani: “Uma procuradora da república no Amazonas, informada que agentes da FUNAI estavam vendendo carteira de índio brasileiro inclusive a a estrangeiros na fronteira com Colômbia e Perú, teria respondido que isso era bom, que precisavam aumentar o número de índios. Pior que prevaricar é trair a própria Pátria. Às vezes um AI-5 faz falta”.

Mas, quem é Gélio Fregapani?

Antes de responder a pergunta acima, quem não sabe o que é AI-5, aqui vai uma rápida explicação. O Ato Institucional Número 5, conhecido como AI-5 foi o quinto de uma série de decretos emitidos pelo regime militar brasileiro nos anos seguintes ao Golpe militar de 1964 no Brasil. O AI-5 sobrepondo-se à Constituição de 24 de janeiro de 1967, bem como às constituições estaduais, dava poderes extraordinários ao Presidente da República e suspendia várias garantias constitucionais. Redigido pelo ministro da justiça Luís Antônio da Gama e Silva em 13 de dezembro de 1968, o ato veio em represália à decisão da Câmara dos Deputados, que se negara a conceder licença para que o deputado Márcio Moreira Alves fosse processado por um discurso onde questionava até quando o Exército abrigaria torturadores ("Quando não será o Exército um valhacouto de torturadores?"[2]) e pedindo ao povo brasileiro que boicotasse as festividades do dia 7 de setembro. Mas o decreto também vinha na esteira de ações e declarações pelas quais a classe política fortaleceu a chamada linha dura do regime militar. O Ato Institucional Número Cinco, ou AI-5, foi o instrumento que deu ao regime poderes absolutos e cuja primeira consequência foi o fechamento do Congresso Nacional por quase um ano.

Há tempos o Rondoniaovivo vem divulgando com exclusividade uma série de reportagens sobre incidentes e escândalos envolvendo as construções das usinas de Jirau e Santo Antônio. Em função disso, passamos a ser espionados por pessoas ligadas a esses empreendimentos. Não se trata de paranóia do tipo “inimigo do Estado”, mas de fatos que você, caro leitor vai saber com exclusividade.

Vamos começar respondendo 'quem é Gélio Fregapani'.

Gélio Fregapani estava em Roraima durante o período em que ainda não estava definida a questão da demarcação de terras indígenas na região. A Polícia Federal tem convicção da participação do coronel como orientador dos pistoleiros de Paulo César Quartiero, apontado pelo MPF como pessoa responsável por ataques a aldeias, tanto para a fabricação das bombas incendiárias, como em táticas de guerrilha e na orientação da logística do ataque ao grupo de dez indígenas. Quartiero se refere a Fregapani como seu “amigo pessoal”. Além do ensino em fabricação de bombas, teria partido também de militares a orientação para a colocação de um carro-bomba em frente à sede da Polícia Federal e as orientações para a colocação de minas explosivas na estrada que vai de Boa Vista a Surumu, onde se encastelaram com barricadas Quartiero e seus pistoleiros, contra a Polícia Federal que pretendia realizar a Operação Upatakon 3.

Uma nota para descrever um pouco o perfil de Quartiero, amigo de Fregapani, “Paulo César Quartiero é apontado em pelo menos doze depoimentos como autor e líder das destruições. As investigações do MPF o apontam como organizador e principal fomentador dos delitos praticados, além de ter comparecido pessoalmente às aldeias, aterrorizando e instigando a devastação na área. O citado réu fez fortuna com a exploração econômica ilegal da área indígena Raposa-Serra do Sol e tornou-se a maior liderança anti-indígena do Estado de Roraima, sendo conhecido por sua intolerância – aponta o MPF em suas investigações. Depois de destruírem a aldeia Jauari, os acusados dirigiram-se às aldeias Homologação e Brilho do Sol. Seguindo a mesma estratégia, os réus cercaram e invadiram as aldeias, empunharam suas armas e constrangeram os indígenas a abandonarem suas casas. Em ato contínuo, lançaram gasolina nas residências e tocaram fogo, provocando a destruição completa das habitações.”

Gélio Fregapani está residindo em Porto Velho há cerca de 6 meses. Ele se apresenta entre a população de Jacy-Paraná e Mutum-Paraná como escritor, garimpeiro e até como cantor.
Participa de todas as audiências públicas, esteve em reuniões da CPI das Usinas, promovida pela Assembléia Legislativa e fez dossiês sobre cada liderança contrária às usinas, de jornalistas, ONGs e políticos que se colocam como “obstáculos” as obras. Fregapani é contratado pela empresa Sagres Consultoria, que por sua vez foi contratada pela Camargo Corrêa para fazer esse trabalho de espionagem. A aparência pacata do coronel engana os desavisados.

Os deputados que compõe a CPI das Usinas supostamente constam em dossiês preparados por Fregapani. A CPI deveria convocar o ex-araponga para depor e prestar esclarecimentos sobre esse serviço de espionagem. Os parlamentares devem também prestar atenção a seus movimentos, porque o coronel certamente está vigiando os deputados "de perto". A Polícia Federal precisa acompanhar a movimentação desse ex-militar, uma vez que detectaram o alto grau de periculosidade dele em Roraima. Alguns políticos vendem produtos ou serviços para a usina de Jirau. Eles devem constar nos arquivos do coronel como “parceiros”. Já os que não fazem parte dessa casta, devem constar como “comunistas comedores de criancinhas”.

Também é preciso que a Polícia Federal observe as movimentações e ameaças de ataques aos canteiros de obras ou sabotagens. Para forçar uma atitude dura por parte da Força Nacional, o coronel pode criar ou fomentar situações extremas, afinal, ele é pago para isso e as empresas que compõe os consórcios estão com a paciência no limite com ameaças e pedidos de renegociação.

Gélio Fregapani é o responsável pela segurança no canteiro de obras da usina de Jirau. Ele também é conhecido por suas opiniões de extrema direita, entre elas, a de ter saudades do AI – 5. Ele também é autor do livro “Segredos da Espionagem – A Influência dos Serviços Secretos nas Decisões Estratégicas”, cuja sinopse diz: “Complô e contra-complô, astúcia, idealismo e traição, agentes iludidos, a ambição e a chantagem, o ouro e o aço, o veneno e o punhal, a lavagem cerebral e o pelotão da execução. A urdidura de uma teia incrível mas verdadeira. Missões cumpridas com fria e silenciosa paixão”.

INFILTRADO
Além de andar pelos distritos e vizinhanças do canteiro de obras da usina de Jirau, Gélio Fregapani também se infiltrou na imprensa local. Em visitas da imprensa ao canteirode obras, ele sempre está por perto, puxando conversa e se passando por escritor ou qualquer outra profissão inofensiva. Foi agindo dessa forma, dando uma de “gato morto” que ele e sua equipe montaram dossiês sobre os políticos rondonienses. Os que colocam obstáculos as usinas são fotografados, filmados e possivelmente grampeados.

Em conversa com jornalistas de outros sites e emissoras de TV, todos se lembram do coronel durante visitas ao canteiro de obras de Jirau e outros eventos envolvendo a usina. Um repórter, por exemplo, lembra de ter recebido um cartão de visitas do coronel onde ele se apresenta como escritor. Ao ser solicitado pelo jornalista uma entrevista com o “escritor” o mesmo entrou em uma sala e sumiu, “estranhei o fato dele ter sumido sem dar entrevista, já que ninguém gosta de perder uma oportunidade de estar divulgando seus trabalhos”. Fotos e vídeos do coronel estão em todas as redações e não adianta Jirau negar.

O Rondoniaovivo tenta há mais de uma semana, junto à assessoria de comunicação de Jirau um contato com Fregapani. A equipe diz que os diretores do grupo não vão se pronunciar sobre o caso. A unica certeza que se tem é que o coronel, mais outro
homem chamado Castro e outros "subordinados" trabalham para o consórcio que constrói a Usina de Jirau.

Fonte: Rondonoticias/amazonia.org.br
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