quarta-feira, 1 de julho de 2009

Comentário do leitor

O leitor e professor Édi Benini*, escreveu um longo comentário na postagem "Frases", onde o Senador Tião Viana (PT-AC) defende a MP 458:

"Eu digo que só tenho a lamentar o posicionamento a favor da MP458.

As críticas, e eu diria alertas, não vem apenas dos supostamente "ambientalistas puritanos" que querem deixar intocada a floresta. Há questões de maior envergadura.

Primeiro, ninguém é contra o trabalhador rural e os povos originários da amazônica. O problema é contra uma lógica centrada no acumulação pela acumulação, crescimento econômico baseado em inúmeras externalidades negativas de destruição acelerada de mercadorias...

De fato a ambição sobre a floresta ou sobre a região norte é imensa, mas há que separar pois há a ambição imediatista - explorar madeira, criar gado, retirar recursos minerais - para o lucro e riqueza de uns poucos e a de longo prazo, riqueza em biodiversidade, funções ecológicas como o regime de chuvas, clima, território, conhecimentos, etc...

O que nos causa grande temor é observar, sem ingenuidade, as inúmeras brechas e artificios criados para se avançar as grandes propriedades ou o grande latifundiário, que em geral apenas busca explorar ainda mais o trabalhador e o natureza, de forma inconsequente sobre os efeitos no longo prazo.

Se optarmos pelo mesmo desenvolvimento do centro do capitalismo, sem nenhuma inovação social, econômica ou mesmo tecnológica, e simplesmente entregar parcelas singificativas do território nas mãos de poucas pessoas ou de privados interesses, abre-se inclusive um perigoso precedente de invação bélica, ou será que o séc. XX não nos ensinou nada?

Se houvesse mesmo compromisso e seriedade com o futuro da região norte, chave para o nosso futuro enquanto civilização, antes da necessária regularização fundiária, deveria-se proceder com planejamento territorial profundo, com ampla participação dos atores sociais, universidades, movimentos, e pactuando as diferentes finalidades e funções a ser promovida na região norte, desde a exploração agro-florestal, agricultura familiar, unidades de conservação, até centros de pesquisa e inovação tecnológica avançados...

Depois, ainda é necessário haver órgãos e instituição públicas com capacidade para assegurar o pactuado, ou seja, carreiras, profissionais qualificados, controle democrático, capacidade de ação, condições de trabalho... Além do mais, vale lembrar ainda que o INCRA tinha por missão e instrumentos jurídicos para tal regularização, então porque não se capacitou e contratou servidores para garantir ao legítimo trabalhador rural seus direitos?

Lamento dizer, mas como cidadão, temo um futuro sombrio para a região norte, com a intesificação de conflitos, ambições e destruição... Cada fala ou decisão hoje, certamente terá enormes implicações amanhã!"

Édi, publicou também recentemente o artigo: Sustentabilidade e Reforma Agrária: perspectivas de um novo desenvolvimento

*Prof. Édi Augusto Benini. Mestre em Administração Pública e especialista em Agricultura Familiar e Extensão Rural - Palmas - TO (Foto retirada do Orkut, rsrs).
Comentários
0 Comentários

0 comentários: