Matéria na revista Exame:
Com esse lema, a radical Conlutas, pequena central sindical criada há um ano, faz barulho e vira onipresente nos protestos em todo o país.
Um exemplo desse modo de agir foi o que se deu na recente greve dos operários que fazem a reforma do estádio do Maracanã. Uma semana depois de um acordo assinado pelo sindicato dos trabalhadores na construção pesada do Rio de Janeiro, ligado à central UGT, a Conlutas formou uma comissão para iniciar outra greve.
Com esse lema, a radical Conlutas, pequena central sindical criada há um ano, faz barulho e vira onipresente nos protestos em todo o país.
Um exemplo desse modo de agir foi o que se deu na recente greve dos operários que fazem a reforma do estádio do Maracanã. Uma semana depois de um acordo assinado pelo sindicato dos trabalhadores na construção pesada do Rio de Janeiro, ligado à central UGT, a Conlutas formou uma comissão para iniciar outra greve.
“Eles
não aceitaram o que foi decidido e queriam uma nova proposta”, diz Paulo Sérgio
Rosa, consultor de relações trabalhistas que estava à mesa em nome do consórcio
construtor. “O problema teve de ir para a Justiça, que julgou a segunda greve
abusiva. O negócio da Conlutas é sempre ir para o confronto.”
O barulho é desproporcional ao tamanho
da central. Ela está na oitava posição no ranking das centrais por número de
sindicatos associados. Seu orçamento anual, de 660 000 reais, equivale a 2% do
que recebem CUT e Força Sindical, aquinhoadas com repasses na casa de 30
milhões de reais pelo Ministério do Trabalho, que recolhe o imposto sindical e
o redistribui.
Mas seu lema é participar de todos os
embates que envolvam trabalhadores — e mesmo não trabalhadores. Um trunfo da
Conlutas é a rapidez em reunir pessoas e tomar decisões. Para isso, em vez de
manter uma estrutura vertical, com um presidente no comando, a organização
divide suas funções executivas entre 37 secretários — todos considerados
líderes com autonomia.
Esse grupo e os sindicatos filiados
recebem diariamente um boletim com os temas que estão no radar da central. Sem
longas discussões para chegar a um consenso, eles partem para a ação.
Foi esse compartilhamento de informação
que fez com que a Conlutas arrecadasse em poucas horas 40 000 reais para pagar
a fiança dos 73 estudantes presos pela invasão da reitoria da Universidade de
São Paulo, no início de novembro.
A criação da Conlutas, a 12a central
sindical do país, expõe um racha no movimento dos trabalhadores, com grupos
disputando poder, influência e, claro, verbas públicas.
“A multiplicação de centrais enfraquece
a eficiência do movimento da classe trabalhadora”, afirma o cientista político
Paulo Kramer, da Universidade de Brasília. Nesse processo, a Conlutas, como diz
Paulo Barela, vai para cima. No final do ano passado, a central venceu a CUT
nas eleições do Sindicato dos Metroviários de São Paulo.
Em Minas Gerais, o Sindicato dos Metalúrgicos de Ouro Branco e
Congonhas, filiado à Força, levou a Conlutas à Justiça. Seus dirigentes foram
acusados de truculência ao tentar obter nome e telefone de filiados. Parece
valer tudo em nome da classe trabalhadora. Mas será apenas em nome dela?