Às vésperas da triste lembrança do 13º ano do massacre ocorrido em nove de agosto de 1995, cerca de setenta famílias de camponeses retomaram esta semana o acampamento da Fazenda Santa Elina, em Corumbiara, a mais de 700 quilômetros de Porto Velho.
Segundo informou nesta terça-feira o Comitê de Defesa das Vítimas de Santa Elina (Codevise), ao mesmo tempo em que retornam ao lugar de onde foram novamente despejadas no dia 22 de julho por 70 policiais militares que queimaram seus barracos e pertences, as famílias estão convidando para um ato do qual participarão diversos movimentos sociais, no próximo dia nove, quando voltarão a cobrar indenizações justas e reforma agrária.
“Depois do despejo do dia 22 ainda sofremos seguidos ataques de pistoleiros que atiraram contra nós com armas de grosso calibre”, lembraram as vítimas, em nota distribuída pelo Codevise. Os camponeses vêm se queixando da Ouvidoria Agrária do Incra, que prometera suspender a liminar de despejo e promover o corte das terras, após ter constatado crimes ambientais e notas falsas de produção de arroz na fazenda.
Cestas básicas
“Enquanto tenta enrolar os camponeses, o Incra acoita e protege o bandido Sandro Barbosa, o mesmo traíra que extorquia dinheiro dos camponeses em Santa Elina e que chamou a polícia para prender um companheiro que tratava de saúde na cidade de Cerejeiras”, acusa o Codevise. O Incra não respondeu a acusação.
De acordo com o Codevise, numa reunião em Porto Velho, no dia 28 de julho, o superintendente do Incra, Carlino Lima, afirmou só reconhecer Barbosa “como legítimo representante das vítimas”.
O Codevise o acusa de haver recebido 400 cestas básicas e R$ 50 mil o Incra, sem que as famílias remanescentes da chacina fossem se beneficiassem. A respeito do ato do próximo dia nove, o Codevise afirma: “Decidimos tomar com nossas próprias mãos aquela terra que é nossa, que foi regada com o sangue dos nossos mártires tombados pelas balas assassinas do latifúndio".