MANAUS - Lideranças de movimentos indígenas do Amazonas e de outros sete estados do País denunciaram, neste final de semana, ao relator especial para os Direitos Indígenas da Organização das Nações Unidas (ONU), James Anaya, a ameaça de extinção dos 3.700 indígenas que vivem no Vale do Javari, no município de Atalaia do Norte ( 1.138 km a oeste de Manaus) por falta de atendimento médico para as doenças que atingem mais da metade da população da região. A informação é do jornal Diário do Amazonas.
A reunião entre os dirigentes e o membro da ONU ocorreu no último sábado (16), pela manhã, na sede da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), zona Centro-Sul de Manaus. Além das dificuldades no Javari, os representantes dos índios listaram outros problemas enfrentados pelos índios brasileiros, como a invasão das terras indígenas, obstrução de hidrelétricas sem a consulta pública, ausência de um projeto de reforma agrária específico para os indígenas e a precariedade no atendimento da saúde.
De acordo com o presidente do Conselho Indígena do Vale do Javari (Civaja), Clóvis Marubo, em média, cerca de 30 indígenas morrem por ano, afetados por algum tipo de doença na região. A Hepatite C (considerada a mais grave), segundo ele, atinge pelo menos 18% da população de 3.700 indígenas. O Civaja, disse Marubo, estima que mais da metade dos indígenas no Javari esteja contaminada com algum tipo de enfermidade.
Distância
Ele disse que a região possui uma área de 8,5 milhões de hectares, o equivalente ao estado de Santa Catarina. No local, informou Marubo, estão 50 aldeias. A distância entre as 611 famílias que vivem na região acaba, de acordo com ele, dificultando o atendimento médico e hospitalar no local. O Javari abriga seis etnias como a Marubo, Matis, Mayoura, Kanamari, Kulina e Korubo.
- Não podemos deixar que as etnias que vivem no Javari sejam extintas. Todos os anos perdemos dezenas de irmãos. Não podemos mais esperar pelos governantes do Brasil. Já cansei de denunciar a precariedade da saúde às autoridades de nosso País. Agora vamos recorrer a outras instâncias -, afirmou Marubo.
Em junho deste ano, o diretor do Departamento de Saúde Indígena da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Wanderley Guenka, admitiu que os indígenas do Vale do Javari possuíam a mais grave situação de saúde do País. A reportagem tentou contato com a Funasa no Amazonas, mas não obteve sucesso
Fonte: Diário do Amazonas
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