domingo, 11 de julho de 2010

Plantio de soja desafia a moratória na Amazônia

Bettina Barros*

Mas os números mostram também certo grau de sucesso do acordo. O desmatamento nessas fazendas totalizou 6.295 hectares, o que representa somente 0,36% da área total de soja plantada na Amazônia, de 1,7 milhão de hectares.

Como consequência, as propriedades tiveram contratos de venda cancelados pelas tradings e não receberam financiamento para a safra posterior. A sanção foi comprovada em auditoria externa.

Pelo menos dois fatores explicam a alta no foco de desmatamentos. Do ponto de vista da Associação Brasileira de Óleos Vegetais (Abiove), uma das signatárias do pacto, o resultado deve-se ao aperfeiçoamento técnico do monitoramento por satélite, que foi capaz de olhar para áreas menores e distinguir o que é pasto, de gado e de grãos. Do ponto de vista dos ambientalistas, está mais relacionado ao novo período de alta nos preços internacionais da soja - e ao fato de que, partindo do ano-base de desmatamento de 2006, só no ano passado o solo atingiu a maturidade necessária para ser semeado.

"Esses 6,2 mil hectares onde houve plantio de soja representam 50% da área desmatada no bioma desde 2006. É de se esperar que se detecte mais soja no ano que vem", diz Paulo Adario, diretor da campanha Amazônia do Greenpeace.

O maior detalhamento é resultado da parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O órgão incluiu em sua análise áreas maiores de 25 hectares. Nos anos anteriores, o controle era feito a partir de 100 hectares.

A grande questão, porém, ainda é o georreferenciamento das propriedades rurais, a única ferramenta de precisão para limites geográficos e coberturas florestais. Sem isso, diz Adario, a moratória fica sujeita a falhas humanas de comprovação de danos. O grupo terá mais um ano para resolver a pendência - o pacto foi prorrogação por 12 meses.


*Fonte: Valor Econômico - 09/07/2010
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