A operação de retirada começou por volta das 5h, com a participação de cerca de mil policiais militares e soldados do Batalhão de Operações Especiais (Bope). De acordo com os índios, eles chegaram ao local jogando spray de pimenta em qualquer pessoa que contrariasse a ordem de sair do gramado, e não pouparam nem mesmo crianças. Todas as barracas foram destruídas.
Os policiais não apresentaram aos índios uma ordem de despejo. De acordo com a assessoria do Ministério da Justiça, o pedido de retirada teria saído do Governo do Distrito Federal (GDF).
Quatro pessoas precisaram ser hospitalizadas. Duas crianças, uma de 2 e outra de 6 anos, foram levadas ao Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Uma jovem de 18 anos teve uma crise nervosa e foi encaminhada ao Hospital Regional da Asa Norte (HRAM), junto a uma mulher de 27 anos, grávida de cinco meses, com dores na barriga. Há suspeita de que a gestante tenha perdido o bebê.
Outros quatro foram presos, entre eles dois índios, um homem que seria assessor dos indígenas, e um estrangeiro, que foi encaminhado à Polícia Federal.
Por volta das 9h10, os indígenas faziam uma "dança do luto" em frente ao Congresso Nacional.
Reivindicação
O acampamento, que começou em janeiro, é uma manifestação para pedir revogação do Decreto Presidencial 7.056/09, que extingue 40 administrações regionais e 337 polos indígenas, além de substituir antigos servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai). Ao todo, 15 administrações serão fechadas ou reestruturadas em diversos estados do país.
Os índios pedem ainda a destituição do cargo do presidente da Funai, Márcio Meira.Fonte:
Fonte: Correio Braziliense
Nota Oficial da Funai
Sobre a desocupação do acampamento indígena irregular na Esplanada dos Ministérios, a FUNAI informa:
Após esgotadas as negociações para retirada voluntária dos remanescentes no acampamento indígena localizado na Esplanada dos Ministérios, a 6ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal decidiu pela retirada dos indígenas. Segue abaixo trecho da decisão:
“Evidentemente, tal não impede que eles [os indígenas] sejam obrigados a sair, quer por força do poder de polícia do Distrito Federal, a quem cabe zelar para que os bens públicos de uso comum do povo não sejam ocupados por um único grupo, quer por força de decisão judicial em outro processo”.
Breve histórico: Os índios encontram-se acampados desde janeiro deste ano na Esplanada dos Ministérios. As negociações estabelecidas entre os indígenas e a FUNAI resultaram na retirada voluntária de 186 índios do local, lá remanescendo outros que não representam qualquer etnia.
Ainda assim, os canais de comunicação mantiveram-se abertos, mas os indígenas se recusaram sequer a dialogar com a FUNAI. Diante do exposto, e da ilegalidade da situação presente, em que um grupo ocupa uma área pública, a Polícia Militar do Governo do Distrito Federal cumpriu a autorização judicial, procedendo nesta data à retirada do acampamento. Tal qual oferecido e cumprido para a retirada dos primeiros 186 indígenas, a FUNAI disponibilizou transporte, alimentação e vagas em hotéis para aqueles que não residem em Brasília, até o retorno às suas aldeias.
Fundação Nacional do Índio Brasília, 10 de julho de 2010.