Sr. Anibal Picanso
Demais responsáveis pelo bem estar do povo paraense
Nós membros da FRENTE EM DEFESA DA AMAZÔNIA, junto com organizações da sociedade civil organizada do município de Santarém e do Oeste do Pará, conscientes que defendemos a dignidade e o futuro dos povos e meio ambiente da região, hoje afetados pela presença do porto da multinacional Cargill, estamos propondo uma solução racional e dentro das leis brasileiras em defesa do patrimônio cultural, social e ambiental de Santarém e toda a região Oeste do Pará.
Proposta – retirada definitiva do porto da Cargill de Santarém por causa dos danos irreversíveis causados ao povo e meio ambiente da região.
Motivos:
a) A multinacional violou a lei brasileira que exige o Estudo de Impacto ambiental antes do início de qualquer obra deste vulto. Prova disto é que o processo judicial que se arrasta já por dez anos, chegou já ao Superior Tribunal de Justiça, sendo lá condenada por três desembargadores em 2006, que a obrigaram a fazer o EIA RIMA , embora estranhamente permitindo que ela continuasse a operar o porto ilegal. O fato de a antiga SECTAM ter dado uma licença provisória não a eximiu do crime, tanto que foi condenada já no ano 2.000 pela Justiça Federal em Santarém e no ano 2006, novamente condenada pelo Superior Tribunal de Justiça em Brasília. A empresa continua sub judice e depende do julgamento desta Secretaria.
b) Os nobres procuradores dos Ministérios públicos Federal nas pessoas dos drs. Felício Pontes e Claudio Dias, e Estadual, Dr. Raimundo Moraes, provam as graves incorreções do atual segundo EIA-RIMA produzido pela empresa para tentar se isentar dos erros intencionais do início da obra. Lembrando que já no ano 1999, quando a multinacional iniciou o projeto de destruição da praia da Vera Paz, nós da sociedade civil tomamos a iniciativa de denunciar o crime ao Ministério Público Federal, que imediatamente abriu processo judicial para a paralisação da obra do referido porto. Portanto, a empresa não pode alegar inocência, nem a antiga SECTAM que sabia da existência da lei do EIA RIMA.
c) Os plantadores de soja que só vieram para Santarém e devastaram vastas áreas da floresta, além de absorverem várias áreas da agricultura familiar, chegando ao ponto do desaparecimento de comunidades entre as quais Tracuá, e Jenipapo, hoje campos de soja e que são exemplos de prejuízos à agricultura familiar na região. Afirma o presidente do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras de Santarém , Raimundo Lima Mesquita em seu estudo do Rima da Cargill – “Não bastasse a tentativa de ludibriar o leitor do estudo, o empreendedor busca deliberadamente caracterizar a agricultura familiar como modo de produção ineficiente fadado a ser substituído pela agricultura empresarial e mecanizada; desconsiderando a importância da produção familiar para a estabilidade social e econômica da região”.
Os dados do RIMA novo da Cargill não correspondem à estatística do IBGE, conforme demonstra o presidente do STTR em seu estudo do Rima – “ Embora o empreendedor reconheça (capítulo 06/pág. 476 e capítulo 07/pág. 59) que os dados do IBGE demonstrem uma queda na população rural dos municípios de Belterra e Santarém; o mesmo apresenta as tabelas 7.2.22 – 1: evolução da população total, urbana e rural no município de Santarém e Belterra”. Pois bem, os plantadores de soja, hoje se apresentam como vítimas de nós santarenos, quando na realidade, são vítimas da multinacional Cargill que os atraiu para cá. Sem o porto da Cargill eles não viriam plantar soja na região por não ter escoamento. Vítimas do cultivo de soja na região somos nós filhos da região, por causa do desmatamento e intenso uso de agrotóxicos no solo e a monocultura de grãos que não servem ao povo da região, pois tudo vai para o exterior.
d) O porto da Cargill, como outros portos que existem, como das Docas do Pará e outros que já anunciam chegada para o mesmo local na área da Vera Paz são altamente prejudiciais à população urbana de Santarém. No ano passado, mesmo coma rodovia mal asfaltada, dezenas de caminhões carretas chegaram a Santarém para desembarcar soja no armazém da Cargill. Foi um transtorno ao trânsito e um prenúncio das desgraças que virão. Os caminhões ficaram parados ao longo da avenida Cuiabá e além do transtorno ao trânsito, o estímulo à prostituição, doenças venéreas e conflitos sociais por conta de drogas e bebidas alcoólicas. Agora imagine nos próximos anos, com a rodovia toda asfaltada, 200 e 500 carretas paradas ao longo da avenida esperando para descarregar soja no armazém da Cargill. Será um caos à semelhança
do que ocorre em Paranaguá e Santos. Isso, dentro da cidade de Santarém. Não se pode admitir tal absurdo, apenas porque o fato está consumado e o porto deve continuar onde está.
do que ocorre em Paranaguá e Santos. Isso, dentro da cidade de Santarém. Não se pode admitir tal absurdo, apenas porque o fato está consumado e o porto deve continuar onde está.
e) O argumento do fato consumado não pode ser aceito por um governo popular que se diz terra de direitos. Crime é crime e o fato consumado não pode ser esquecido apenas com algumas mitigações propostas pela empresa. Se uma pessoa assassina a mãe do secretário de meio Ambiente do Pará, pelo fato consumado, não se justifica que o criminoso indenize a família da vítima assassinada. Ele deve ser julgado e pagar caro pelo crime. Assim também a empresa CARGILL, ela cometeu um grave crime contra uma cidade, um belo rio, uma população e contra a constituição brasileira. A única compensação é ela retirar o porto de onde está e pagar grande multa pelos danos causados à cidade, à praia da Vera Paz, à região Oeste do Pará.
f) Então, exigimos a retirada do porto da Cargill por estar ilegal e ser causador de danos sociais, ambientais irreversíveis. E que seus armazéns sejam destinados ao município como compensação pelos danos causados à área da Vera Paz e ao povo de Santarém. Os armazéns podem servir para um centro cultural da cidade. Em todo caso, que o porto graneleiro e todos os outros que por ventura, possam querer se instalar na região primeiro seja consultada a sociedade organizada e todos os cuidados com o meio ambiente e a segurança da sociedade regional sejam respeitados.
Frente em Defesa da Amazônia