Dois funcionários da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), que trabalhavam no interior do Pará, morreram na última semana com suspeita de intoxicação. Eles trabalhavam com os compostos DDT e malathion, usados em larga escala contra os vetores da malária, dengue e febre amarela.
Damião Cosme da Silva, de 51 anos, faleceu no dia 24 de agosto em uma área de garimpo, a 7 quilômetros de Itaituba, sudoeste paraense. E José de Jesus da Silva morreu dia 27, em Altamira, no sudoeste do Estado. Os corpos já foram sepultados nos respectivos municípios.
Segundo Cedício de Vasconcelos, coordenador de administração do sindicato dos servidores públicos federais, os guardas de endemias, como são chamados os que trabalham nessa função, foram vítimas de intoxicação. ‘Eles trabalhavam fazendo a borrifagem dos inseticidas nas casas, mas não tinham proteção para isso. Há mais de 15 anos eles usavam os químicos. Os trabalhadores não tinham máscara, equipamento de proteção individual, não tinham luvas, diluiam os químicos com a própria mão. Foram intoxicados devido a essa exposição constante’, conta Cedicio.
Devido a um processo de descentralização da Funasa e convênios com Estados e Municípios, os funcionários eram servidores federais, mas respondiam ao expediente nos municípios. ‘Então nesse caso, a Funasa é a principal responsável pela falta de tratamento e proteção de saúde dos trabalhadores. Tem trabalhador que está morrendo por falta de amparo da saude que é de responsabildade da funasa mas ela insite em dizer que não é a responsável’, afirmou o coordenador.
DDT - O inseticida pertence é eficiente no combate a insetos. ‘Ele atinge não só os insetos como também o sistema nervoso dos humanos. E fora que a exposição deixa sequelas como gastrite, perda da sensibilidade nos membros inferiores e superiores, amnésia, insônia,irritabilidade,entre outros’, afirma.
De acordo com ele, a Funasa alega que a sintomatologia nada tem haver com o uso dos inseticida. ‘A Funasa culpa a vida desregrada dos trabalhadores como a causa das doenças e mortes. Alguns fumam e bebem. Eles dizem que essa é a causa dos problemas’, acusa. Segundo ele, ainda existe um impasse no diagnóstico. ‘O DDt vai desaparecendo do organismo ao longo do tempo. Então com a demora nesses tramites judiciais o diagnóstico não vai se referir a intoxicação, a causa morte vai ser outra como uma parada cardiaca porexemplo’, disse.
Outro caso - Ele conta a situação vivida por um funcionário de Itaituba. ‘Esse companheiro deveria ter voltado para receber tratamento em Belém desde outubro do ano passado e até agora não veio. Lá não tem o medicamento que ele precisa. A Funasa deveria ter viabilizado a volta dele e ter enviado os medicamentos, o que não aconteceu. Fora que ele tentou remarcar a consulta mas afirmaram que só poderia em outubro que é o mês que ele está de férias. Ele disse isso e a Funasa disse que não tem nada haver com as férias dele. Ou seja querem trazer no mês de outrubo em pleno gozo de férias? querem simplesmente acabar com as férias dele’, critica.
Histórico - Os casos de mortes e doenças em funcionários da Funasa devido ao uso dos químicos não são recentes. Em 1996 o sindicato fez as primeiras denúncias contra a Funasa. De 1998 a 2001, as sentenças foram favoráveis aos trabalhadores e obrigavam a fundação a custear os tratamentos com saúde dos servidores. As ações tramitam no MPE, MPF e diversos órgãos federais.
‘Tudo que pôde ser feito do ponto de vista jurídico nós já fizemos. Agora queremos saber as razões que a Funasa têm para não cumprir as ordens judiciais’, disse Cídicio.
E completa, ‘queremos que os servidores que já sofrem algum dano recebam aposentadoria acidentária.
A Funasa tem que reconher isso como acidente de trabalho e que não só os trabalhadores devem receber tratamentos, medicamentos, exames e consultas mas a família deles que também são expostas aos químicos. Tem que haver reparação do dano causado a saúde dos servidores porque nunca mais eles serão os mesmos’, exige Cídicio.
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Fontes: Portal ORM e www.assincra.com.br
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