quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Políticos da Amazônia: Que fazer?

Por Edilbeto Sena*

Algumas vezes se critica com razão, o pessoal do sul, o governo federal e as multinacionais, que exploram as riquezas da Amazônia, como sendo uma colônia de garimpagem, onde cada um chega e leva o que quer, sem respeito aos nativos. Mas é preciso dividir as críticas com os políticos, as autoridades e a própria sociedade da Amazônia. Especialmente é preciso denunciar a incompetência de governadores, senadores e deputados da região.

Diz um ditado popular que quem se abaixa muito o fundo aparece e éverdade. Os políticos e autoridades da Amazônia são, além de incompetentes, insensíveis à dignidade de seus eleitores e dos povos da Amazônia. Abaixam demais salvando apenas seus interesses.

Faça-se a comparação de competência com o seguinte caso. Na Amazônia chega o governo federal, planeja e constrói duas hidrelétricas em Rondônia, uma mega usina do Xingu, mais cinco grandes hidrelétricas na bacia do rio Tapajós; chegam as empresas multinacionais e açambarcam territórios minerais, de bauxita, ouro, ferro, cobre, no Amapá, Roraima, Rondônia, Amazonas e Pará, etc; chegam empresas de fora, grilam milhares de hectares de terras e vem o governo e legaliza tudo e as autoridades regionais aplaudem.

Tais projetos gerarão bilhões de reais ao longo dos próximos anos e a Amazônia herdará os estragos, as inundações, as montanhas invertidas. Receberão a compensação de migalhas de royaties estabelecidos lá na capital federal e alguns ISSs minguados.

Agora, observe o que acaba de ocorrer em Brasília nestes dias. Na questão dos lucros do petróleo do pré-sal, o presidente da república cedeu à pressão de quatro governadores competentes e que sabem lutar pelos interesses de seus povos. O governo federal queria fazer uma repartição fraterna dos dividendos do Pré-Sal entre os 26 estados da federação. Afinal o petróleo está a seis mil metros do fundo do mar e quem vai extraí-lo é uma empresa estatal, dos brasileiros, a Petrobrás.

Mas os quatro competentes governadores do sul, exigiram receber mais dividendos, pois o petróleo está nas águas que passam há 100 quilômetros de suas praias. E ganharam a parada, o presidente não teve saída diante da pressão dos governadores.

Quando foi que se ouviu falar que os governadores da Amazônia se uniram para exigir o fim da lei Kandir? Quando se uniram para exigir mais dividendos pela energia de Tucuruí, que serve ao Nordeste e ao Sul e serve a baixo custo às empresas de Barcarena e do Porto de Itaqui no Maranhão? Quando se uniram para exigir o imediato asfaltamento da BR. 163 para o bem dos milhares de colonos que vivem ao longo da rodovia?

É isso que se chama incompetência, mediocridade, falta de cidadania política. Nenhum dos atuais senadores, deputados, governadora, deputados estaduais e até prefeitos deveriam ser mais candidatos a cargo público. É pessimismo? É verdade? Que fazer?

*Pároco diocesano e Coordenador da Rádio Rural AM de Santarém, Pará. Editorial de 31.08.2009.
Comentários
0 Comentários

0 comentários: