sábado, 13 de março de 2010

Qual o papel do IDEFLOR?

Por Edilberto Sena*

O IDEFLOR é um órgão do Estado do Pará, que tem uma sigla com duas possíveis traduções, uma oficial e outra mais real. A oficial quer dizer - Instituto de Desenvolvimento Florestal. Já a tradução mais real é – Instituto de destruição de florestas estaduais. O Diretor atual esteve nestes dias em Santarém, apresentando um plano de desenvolvimento florestal sustentável. Quem se der ao trabalho de entender o significado das palavras dele, certamente irá perceber que é este mesmo o papel do IDEFLOR – legalizar a devastação das florestas estaduais do Pará.


Indagado pela reportagem da Rádio Rural de Santarém, como conciliar plano sustentável de exploração madeireira, com a fome do mercado nacional e internacional por centenas de metros cúbicos de ipê, jatobá, angelin e outras preciosas madeiras da região, ele fugiu de dar uma resposta clara, mas confirmou a meta do governo estadual, de legalizar neste ano, 300.000 hectares de florestas para serem exploradas por madeireiros. Desta forma, o Pará sairá da pecha de ter 70 % de madeira exportada ilegalmente nos últimos anos, para um Estado que tem toda madeira exportada legalmente, mediante plano de manejo sustentável. Que avanço!

Mas indagado novamente sobre como o IDEFLOR irá fiscalizar toda essa extensão de 300.000 hectares de floresta legalizada, ele simplesmente respondeu que a fiscalização já será de responsabilidade da Secretaria estadual de Meio Ambiente, a SEMA, a desconhecida SEMA aqui no Oeste do Pará. Isto é, o IDEFLOR legaliza esse monte de hectares de florestas, os madeireiros ficam felizes da vida com sua documentação oficial e o Pará deixa de ter a fama de exportador de madeira ilegal. Muito simples!

Então, o governo que tem como lema – terra de direitos,cria um plano que legaliza a exploração de madeiras sem garantia de que terá capacidade de fiscalizar os planos de manejo de tão extensas áreas. Os atuais conflitos nos rios Arapiuns e Uruará são amostras de como a fiscalização estadual é precária. O Pará se torna oficialmente a terra de direitos dos madeireiros. Já as populações tradicionais que se conformem de ficar com os restos de terras que sobrarem, já que não têm como entrar na concorrência das concessões de florestas.

*Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém. Editorial de 12 de março de 2010.

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Fonte: Agência Pará
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