João Chupel Primo é o
morto. Junior José Guerra é o que luta para se manter vivo, depois de pedir e
não receber proteção das autoridades. Eles denunciaram o que pode ser uma das
maiores operações criminosas de roubo de madeira na Amazônia. Segundo
testemunhas, as quadrilhas chegaram a transportar, em um único dia, cerca de
3.500 metros cúbicos – o equivalente a 140 caminhões carregados de toras e 3, 5
milhões de dólares brutos no destino final. A maior parte da produção é ipê,
hoje a madeira mais valorizada pelo crime organizado pelo potencial de
exportação para o mercado internacional. Toda a operação passa por uma única
rua de terra de um projeto de assentamento do Instituto Nacional de Reforma
Agrária (Incra), controlado por madeireiros: o Areia, localizado entre os
municípios de Trairão e Itaituba, no oeste do Pará. Pelo menos 15 assassinatos
foram cometidos na região nos últimos dois anos por conflitos pela posse da
terra e controle da madeira. Este é o começo da explicação de por que João
Chupel Primo morreu – e Junior José Guerra precisa fugir para não ter o mesmo
destino.
Os dois denunciaram a operação criminosa de
extração de madeira no mosaico de unidades de conservação da região da BR-163 e
da Terra do Meio para os seguintes órgãos federais: Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Polícia Federal e Secretaria Geral da
Presidência da República. Também fizeram denúncias ao Ministério Público
Federal e também ao Estadual, além da Polícia Civil do Pará. Pouco aconteceu,
além da execução de Chupel.
Na tarde de 20 de outubro de 2011, João Chupel Primo detalhou o esquema em uma reunião com o procurador Cláudio Terre do Amaral, que durou 1 hora e 20 minutos, na sede do Ministério Público Federal em Altamira. Participaram dessa reunião várias pessoas, entre elas uma representante da Secretaria Geral da Presidência da República. Na reunião, Chupel afirmou que decidiu procurar o Ministério Público Federal de Altamira porque já denunciara a outros órgãos e nada havia acontecido. Nos dias 6 e 8 de setembro, por exemplo, ele e Junior haviam dado um depoimento, em Itaituba, à Polícia Federal e ao ICMBio, autarquia do governo federal responsável por fiscalizar e proteger as unidades de conservação. Depois de fazer mais uma vez a mesma denúncia, Chupel afirmou: “Daqui, eu só tenho um caminho”. Fez uma pausa antes de continuar: “Pro céu”.
Na tarde de 20 de outubro de 2011, João Chupel Primo detalhou o esquema em uma reunião com o procurador Cláudio Terre do Amaral, que durou 1 hora e 20 minutos, na sede do Ministério Público Federal em Altamira. Participaram dessa reunião várias pessoas, entre elas uma representante da Secretaria Geral da Presidência da República. Na reunião, Chupel afirmou que decidiu procurar o Ministério Público Federal de Altamira porque já denunciara a outros órgãos e nada havia acontecido. Nos dias 6 e 8 de setembro, por exemplo, ele e Junior haviam dado um depoimento, em Itaituba, à Polícia Federal e ao ICMBio, autarquia do governo federal responsável por fiscalizar e proteger as unidades de conservação. Depois de fazer mais uma vez a mesma denúncia, Chupel afirmou: “Daqui, eu só tenho um caminho”. Fez uma pausa antes de continuar: “Pro céu”.
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