O país vive uma das maiores rebeliões de trabalhadores da História e a mais grave porque é um movimento praticamente sem controle, nascido à revelia das centrais sindicais. É uma coisa tão louca que houve trocas de tiros entre trabalhadores e seus representantes, em Pernambuco.
É o governo do PT provando do próprio veneno: corrompeu centrais sindicais, que funcionam como apêndices seu, e estas, em troca, deixaram órfãos seus filiados.
Fugiram dos canteiros das obras do PAC, onde operários da construção pesada alegam viverem em condições subjugadas. As centrais governistas trataram as empreiteiras como aliadas, e essa promiscuidade leva ao que estamos assistindo. As empreiteiras estão na ponta corruptora da engrenagem, que tem o governo no meio. Elas financiaram as campanhas presidenciais e as do atual Congresso e Assembleias.
As empreiteiras também terceirizaram as obras que ganharam. Resultado é o que se viu, na prática, dias desses, entre dois operários que trabalhavam na mesma chapa de aço —- o de uma ponta, contratado de uma terceirizada, ganhava um salário diferente do da outra ponta, que era contratado direto da empresa responsável pela obra. A CUT e a Força Sindical tentam recuperar agora os canteiros que abandonaram.
Um E.T. no PAC
É de onde não se espera, do movimento Conlutas, ligado ao PSTU, que surge a voz do bom-senso:
— O movimento é trabalhista. Associá-lo a uma abstinência sexual e, nesse sentido, colocar a mulher como objeto de consumo, é mais que um desrespeito, é um crime, uma violência contra as mulheres.
Eu tinha que ir atrás desse sindicalista de nome esquisito: Atnágoras Lopes, até agora único brasileiro que faz oposição a Dilma.
E conversei com esse E.T...
Romântico
Atnágoras é irmão de Albino Lutiani e da Aila, mas também do Roberto e do Douglas.
Sua mãe, religiosa e interessada na cultura universal, deu os lindos nomes aos filhos.
Atnágoras, o líder dos trabalhadores da construção pesada, é também poeta, no estilo romântico. Adora Chico e é fascinado pela música "As atrizes". E faz greve.
Elegância
Pode ser que, ainda hoje, surja alguém para me informar que Atnágoras não é essa coisa toda que uma admiração à primeira vista me leva a acreditar que seja.
Não importa!
Não importa!
Para mim, no momento em que assisto a tantas agressões e violências contra as mulheres, Atnágoras é meu herói.
Um operário da força bruta deixa o inferno dos canteiros de obras para exigir dos engravatados de Brasília mais respeito às mulheres não acontece todo dia não!
Saiba, Preta Gil: para cada Bolsonaro, surge um Atnágoras. Nem tudo está perdido!
*Assinada por Jorge Bastos Moreno em 02 de abril de 2011.