Desta ocupação, nasceram formas singulares de convívio com os fenômenos naturais das cheias e vazantes, com a adoção de tecnologias e métodos adequados de cultivos, criação de animais, moradia, alimentação, organização comunitária e manifestações culturais.
A grande cheia deste ano, já confirmada como a maior por historiadores e cientistas físicos, é uma verdadeira catástrofe nesta região. Embora as várzeas sejam periodicamente inundadas a cada ciclo, este ano o nível dos rios está muito acima das grandes cheias, referência para estas populações para elevação de assoalho, plantio e retirada de rebanhos.
Para piorar, segundo a imprensa, o grande volume de água ocasionou uma brusca queda na pesca, item básico na alimentação destas populações.
Uma marca muito forte aqui na Amazônia é que na várzea, com exceção de pecuaristas (que saem com o gado para áreas de terra firme), as famílias permanecem nas áreas inundadas, apenas elevando o nível do assoalho das casas através de rampas de madeira. Porém, em algumas áreas a água já cobriu o telhado e famílias inteiras e animais estão em barcos e canoas em pleno rio Amazonas ou disputando pequenas áreas com animais.
Na semana passada e no domingo, quando saia e chegava de Santarém por avião, coincidentemente em dias claros, observei como ilhas inteiras do rio Amazonas estão completamente submersas, e foi possível vê centenas de casas completamente inundadas. Uma equipe de abnegados enviados especiais do blog Língua Ferina foi conferir “in loco” a situação em algumas comunidades próximas a Santarém.
Chama atenção que a mídia local faz ampla cobertura das lojas do comércio da cidade, o “Belo Centro”, enquanto milhares de pessoas estão à míngua em pleno rio, num drama muito, mas muito maior. Isso para não falar na “Terra de Direitos” de Ana Júlia. Alguém avisa aí à governadora madeireira que direito à alimentação e à dignidade estão na Constituição.
Seguem algumas fotografias dos enviados:
Foto 01: Ilha em frente da cidade praticamente desapareceu;
Foto 02: Encontro dos volumosos rios Tapajós e Amazonas;