No Pará, milhares de fornos clandestinos transformam a floresta amazônica em carvão.
A fumaça toma conta da área rural da cidade de Goianésia do Pará; dia e noite, os fornos queimam as sobras de árvores derrubadas para produzir carvão.
O Pará é o estado que hoje mais destrói a floresta amazônica. A secretaria de Meio Ambiente afirma que existem cinco mil fornos legalizados e outros 30 mil irregulares em todo o estado; eles estão espalhados por carvoarias clandestinas que funcionam sem qualquer controle.
O dono de uma carvoaria ilegal, que não quer aparecer, admite a irregularidade: “Aqui tenho 16 fornos, tudo ilegal”.
Chegamos à carvoaria no momento em que um caminhão estava sendo carregado. Segundo o motorista, a carga é transportada livremente. “O carvão é ilegal. Não tem documento nenhum, mas vai pra Marabá”, diz. “Para entrar na siderúrgica, não precisa da guia florestal”.
Em Marabá, 11 siderúrgicas recebem todos os dias toneladas de minério de Carajás, a maior mina do mundo. Todas elas dependem do carvão para produzir ferro gusa, a matéria prima do aço.
As siderúrgicas afirmam que só usam carvão legalizado. “As origens são várias, mas todas elas com amparo legal”, afirma Afonso Albuquerque, presidente do sindicato das indústrias de ferro-gusa do Pará.
Não é o que diz a secretaria de Meio Ambiente. “Nós já tivemos situações de multa em praticamente quase todas as empresas. Agora em 2008 estamos ampliando os mecanismos de controle e intensificando a fiscalização”, rebate o secretário Valmir Ortega.
Segundo a ONG Imazon, 3,5 milhões de árvores por ano são transformadas em carvão para abastecer as siderúrgicas do Pará. “A única maneira hoje de se produzir carvão na Amazônia em larga escala é através do desmatamento da floresta nativa. Ainda não há reflorestamento suficiente para abastecer a indústria de ferro-gusa”, informa Adalberto Veríssimo, pesquisador da Imazon.
O desmatamento na Amazônia pode ser acompanhado, em tempo real, no mapa interativo do portal Globo Amazônia, onde o Internauta também pode protestar contra a devastação da mata. O portal está no ar há um mês e já recebeu mais de 25 milhões de protestos
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