por Edilberto Sena (*)
Num país como o Brasil, que convive com 45 milhões de brasileiros dependentes do bolsa miséria, como pode o governo autorizar um de seus bancos oficiais, o dito Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, a financiar a maior empresa de mineração de bauxita do mundo, a Alcoa?
O governo brasileiro está liberando 950 milhões de reais para a Alcoa aplicar na mina de bauxita em Juruti Velho e na sua fábrica de Alumina no Maranhão.
Isto é, a multinacional vai montar sua exploração de um minério que pertence à nação brasileira, com dinheiro emprestado do banco oficial brasileiro, certamente com facilidades, gastando o mínimo de seu capital.
Ao final de 10 anos com a exploração da bauxita em Juruti, a Alcoa calcula que terá um lucro de cerca de 30 a 40 bilhões de reais. Pode um negócio desses? E olha que atualmente, segundo informações, ela emprega apenas 300 pessoas em sua obra, os outros trabalhadores são terceirizados, o que significa que a dona da mina que pertencia à nação brasileira não tem responsabilidade trabalhista sobre a maioria dos que prestam serviços lá em Juruti.
O que vai ficar de desenvolvimento para Juruti, para o Pará, para o Brasil e em especial para os habitantes de Juruti Velho? Restarão algumas obrinhas, muitos buracos de onde sairão 2 milhões e 600 mil toneladas de minério por ano. E tudo isso financiado com dinheiro do BNDES. Que país é esse? Que Estado é esse? Que município é esse?
E aí, quando os moradores de Juruti Velho se indignam e vão ao enfrentamento, o chefe a multinacional estrangeira os apelida de invasores de propriedade. Pode?
Mais grave é que ainda tem gente da região, inclusive dos meios de comunicação, que aplaudem a forma como a Alcoa trata a população local e de como ela recebe esses favores dos governos. São subalternos que certamente acham mais exportar justo o minério deixando a região e o país mais pobre e por cima, financiado com dinheiro do Banco oficial. O que você acha?
E, para iludir os desinformados, a multinacional publica revistas de propaganda dizendo que é empresa comprometida com o meio ambiente, que tem compromisso social e que vai recuperar todas as áreas degradas, depois de retirar os milhões de toneladas de minério.
Curiosamente, quando o Ministério Público Federal em Santarém chamou à mesa para ver quem tinha razão no conflito, a Alcoa logo admite que os moradores de Juruti Velho são habitantes de direitos, que aceita atender suas reivindicações e se sai de mansinho, desde que não prejudique seus fartos empréstimos do BNDES.
*Editorial da Rádio Rural de Santarém de 06 de março de 2009.
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