O coordenador do Movimento dos Sem-Terra (MST) no sul do Pará, Charles Trocate, foi indiciado em inquérito aberto pela Polícia Civil, acusado de incitação à prática de violência antes do confronto armado na fazenda Castanhais, do complexo Espírito Santo, no sábado retrasado.
A acusação se baseia em entrevista à TV RBA, afiliada da Rede Bandeirantes no Pará em que Trocate teria afirmado ser favorável não apenas à "invasão" de propriedades privadas, como acrescentando que na fazenda invadida não sobraria nem o suficiente para a produção de remédio.
Ele nega.O chefe da Polícia Civil do Pará, Raimundo Benassuly, disse que o líder do MST está sendo procurado na região para receber a notificação de depoimento. "Não importa, para a Justiça, se ele incitou à violência antes ou depois do confronto. O que importa é que ele cometeu um crime", declarou o delegado. Benassuly acrescentou que o governo estadual "não tolera a violência", sobretudo num momento em que está investindo pesadamente em segurança para "manter a paz no campo".
Trocate negou ao Estado ter convocado trabalhadores rurais para invadir terras ou fazer justiça com as próprias mãos. O que houve, segundo explicou, foi uma "deturpação" de suas palavras na entrevista à emissora de televisão. "O que eu disse foi que, independente do MST, da Fetagri ou de outros movimentos sociais, a população sem terra vai tomar partido em favor da reforma agrária e que se a crise aumentar, como está aumentando, haverá no sul do Pará um mutirão de ocupações".
Até o momento não houve indiciamento de nenhum "segurança" da fazenda Espírito Santo, mesmo com as fartas imagens de tiros disparados contra os sem-terras.
No Fantástico de ontem, numa matéria sobre a região do conflito, 3 frases resumiam a situação:
“Há uma grande indefinição sobre propriedade de terras, muita grilagem de documentos, muita área pública não destinada e alguma área pública em que há discussão se é área pública federal ou estadual. A rigor não temos situação hoje situação fundiária esclarecida no estado, o que dá margem a uma série discussões e uma série de fraudes, tanto ambientais quanto fundiárias”, diz Ubiratan Cazetta, procurador da República.
“Eu acho que se os fazendeiros se unirem e usarem a força do jeito que eles usam, eu acho que resolve”, diz o gerente da Agropecuária Santa Bárbara, Oscar Boller, que administra a Fazenda Espírito Santo.
“Mais trabalhadores vão ser vítima desse conflito, porque mais ocupações vão ocorrer na região, independentemente da vontade do MST ou dos outros movimentos. Não vai sobrar latifúndio nem para fazer remédio na nossa região”, ressalta Charles Trocate, do MST.
Com informações d'O Estado de São Paulo e G1
Leia no blog Azul Marinho com Pequi: Repórter da TV Liberal do Pará depõe à polícia e enfim desfaz a mentira contada.
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