quinta-feira, 30 de abril de 2009

CPT aponta concentração de conflitos na Amazônia

Relatório sobre violência no campo registra 28 assassinatos em 2008. Interesse de empresas transnacionais em recursos naturais motiva disputas na região amazônica

Patrícia Benvenuti, da redação*

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou nesta terça-feira (28) o relatório "Conflitos no Campo Brasil", referente ao ano de 2008. O lançamento da publicação, elaborada pela entidade desde 1995, ocorreu em Indaiatuba (SP), onde acontece a 47ª Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).


De acordo com o relatório, houve uma queda acentuada no volume de conflitos em relação ao ano anterior. Enquanto em 2007 foram registrados 1538 conflitos, em 2008 esse valor caiu para 1170.

O número de assassinatos, entretanto, se manteve o mesmo, 28, indicando que, apesar de reduzidos, os embates se tornaram mais violentos: em 2007, registrou-se uma morte para cada 54 conflitos; no ano seguinte, a média ficou em morte para cada 42 conflitos.

O documento da CPT mostra, ainda, uma concentração de conflitos na Amazônia. Em 2008, 47% do total de casos ocorreram em território amazônico, que reuniu, ainda, 72% dos assassinatos.

O estado com o maior número de ocorrências foi o Pará, 245, seguido pelo Maranhão, que teve 101 ocorrências. Mais da metade dos conflitos na Amazônia, segundo o relatório, atingiram diretamente populações tradicionais, evidenciando, para o advogado e membro da CPT José Batista Afonso, o interesse de empresas transnacionais na região, motivadas principalmente pelo aumento dos preços da carne, da soja e de recursos minerais no mercado internacional.

"Isso tem provocado uma corrida violenta dessas frentes de interesse do capital em direção às riquezas da Amazônia, no caso as terras, os minerais e outras riquezas aqui existentes", avalia.

Em relação ao trabalho escravo, as denúncias aumentaram de 265, em 2007, para 280 em 2008. O maior número até então registrado havia sido em 2005, com 276 ocorrências. A atividade pecuária foi a que mais teve denúncias relacionadas, 134 casos, o que representa 48% do total. Foram libertadas 5.266 pessoas, quase a metade delas no setor sucro-alcooleiro.

O relatório também enfatiza a criminalização dos movimentos sociais do campo e de suas lideranças, com destaque para a articulação entre o Ministério Público Estadual (MPE) e o governo gaúcho para pedir a extinção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).


*Fonte: Brasil de Fato
Comentários
2 Comentários

2 comentários:

Anônimo disse...

Agora tó em dúvida em relação a verdade sobre a reforma agrária, no Tocanttins o superintendente afirma que nunca antes na história daquela SR o trabalhador rural foi tão bem atendido e está muito satisfeito, agradecem-no quando o encontra. E esta informação subversiva da CPT dizendo de conflitos... Quem é a CPT para falar que existe conflito? No tocantins não tem estas coisas... é uma das melhores SR’s do Brasil e talvez do mundo. Tem os melhores e mais aproveitosos mutirões de reforma agrária, regularização fundiária que nada isto é coisa para o MDA...

Arnaldo José disse...

SIC