sábado, 4 de abril de 2009

Entrevista - Dom Tomás Balduíno

Para bispo, objetivo é a justiça social*

Entrevista - Dom Tomás Balduíno

Próximo de completar 87 anos, dom Tomás Balduíno é o eterno ideólogo da Comissão Pastoral da terra (CPT) e referência intelectual dos movimentos pró-reforma agrária. O bispo considera superado o atual modelo de assentamento de camponeses, com a distribuição de lotes individuais para cada família. A proposta se parece com os Projetos de Desenvolvimento Sustentável (PDS) defendidos pela freira americana Dorothy Stang, morta há quatro anos por pistoleiros no Pará. “A reforma agrária deve ser entendida em uma forma ampla. Não é aquela que divide o chão, mas a que inclui o posicionamento das quebradeiras de coco, dos seringueiros, dos ribeirinhos, dos quilombolas e até dos indígenas que têm um relacionamento sui generis com a terra”, defende o religioso.

1.Por que a CPT defende um novo estágio no programa de reforma agrária do governo?
A reforma agrária deve ser entendida de uma forma ampla. Não é aquela que divide o chão, mas a que inclui o posicionamento das quebradeiras de coco, dos seringueiros, dos ribeirinhos, dos quilombolas e até dos indígenas que têm um relacionamento sui generis com a terra. Em resumo, a terra para quem dela precisa para viver, trabalhar e conviver. Esse é o objetivo social. O outro, mais ecológico, é no sentido de preservar o bioma amazônico e, ao mesmo tempo, todos os biomas do país que estão ameaçados pelo agronegócio. O atlas deste país revela que onde houve devastação é onde se implantou o agronegócio. As áreas indígenas, camponesas e quilombolas são as mais preservadas. Ao invés de estimular com subsídios, com grandes verbas o agronegócio, o governo deveria apoiar e defender as organizações populares na linha da convivência com a terra. Sobretudo com o bioma amazônico, que é o responsável pelo equilíbrio planetário, pela própria estabilidade do planeta em termos climáticos.

2.Para onde a reforma agrária, na sua opinião, deveria caminhar?
Nós estamos superando cada vez mais a ideia burocrática de uma reforma agrária que divide em quinhões a terra. Não é isso que é o conceito amplo de reforma agrária. Defendemos um novo estágio nesse processo. O consenso que vem vindo é na linha da soberania territorial e alimentar. Até uma reforma agrária na base da concessão territorial, em vez de cessão ou venda da terra — o que faria continuar o mesmo modelo de dividir o solo por famílias e depois pulverizar pelos herdeiros, o que pode fortalecer de novo o latifúndio.

3.O modelo que o senhor defende é diferente não só do que vem sendo aplicado pelo governo, mas até do que defendem alguns setores dos movimentos pró-reforma agrária…
Já houve tentativa de se consolidar e se estruturar esse novo modelo. Mas há muita resistência das bases populares. O pessoal quer o próprio chão. Mas acho que os exemplos dos povos tradicionais são os que mais realizaram a melhor convivência com a mãe terra, que são os indígenas, os negros, os quilombolas. Não é propriedade do negro fulano ou do cacique tal ou qual, mas a terra indígena e quilobola. É isso que está influindo no novo conceito ampliado de reforma agrária. Não tem ainda uma cartilha ou um livro destrinchando esses conceito que estou falando porque ele está em formação.

4.Esse modelo parece com o modelo que a irmã Dorothy Stang tentava implantar no Pará quando foi morta?
Está nessa linha. Mas, sobretudo, na linha que inspira os movimentos ambientalistas que reformam o modo de ser camponês, e o que prevalece nas defesas de movimentos como o Via Campesina e outros movimentos camponeses em nível internacional.

5.Há uma crítica muito forte à reforma agrária, dizendo que não há qualidade de produção nos assentamentos. Existe incompatibilidade entre a concessão coletiva e a produtividade?
Não se pode dizer isso, porque não há esse modelo ainda implantado. O que há são as reservas indígenas que não visam a produção. O objetivo do modelo de reforma agrária não é o lucro, não é o capital, apesar de não excluir a produção. Vemos muitas vezes que a produção coletivista é melhor que a capitalista quando tem todos os recursos necessários para isso. A fábrica de leite do MST nada deve a qualquer organização capitalista. De certa maneira, tem melhor qualidade. Nós queremos, em primeiro lugar, a dignidade dessas populações assentadas. A estatística mostra que quem alimenta a mesa do brasileiro é o pequeno produtor.

6.O programa de reforma agrária já enfrenta muita resistência no parlamento, no governo, na Justiça. Um projeto coletivista não vai complicar ainda mais a implantação?
Seria se fosse o único, se fosse impositivo, se fosse ou isso, ou nada. Mas é uma proposta entre outras. Inclusive com a de conviver com a terra que é de propriedade do pequeno produtor. É uma questão de justiça social.

*Correio Brasilienze. Brasilia. 4 de abrild e 2009
Comentários
1 Comentários

1 comentários:

Anônimo disse...

106 Comentários
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Anônimo Anônimo disse...

Reinaldo,

como os desavisados tomam os padres ou bispos pela Igreja ou sua doutrina ou o mensageiro pela mensagem, confesso que fiquei horrorizada com a carta do Balduino.
Esta mistura do sagrado com o profano, da Igreja com a política faz estes absurdos.

Afinal, estes filosóficos padres não aprenderam que o mundo dos homens e o mundo de Deus não são regrados pelas mesmas leis ?
E que os valores morais são os átrios do mundo divino?

Lugo, Balduino e quejandos, são parte da classe dos mercadores que vivem de vender suas idéias de salvação e não têm outro desejo senão atender seus próprios interesses, sejam eles ideológicos, financeiros ou sexuais !

Não merecem sequer nosso tempo!

7:31 AM
Anônimo Anônimo disse...

Religioso que faz política nunca mereceu minha atenção por sempre parecer mal vocacionado.
Afinal, depois de se interessar pelas coisas da filosofia e da religião, como pode alguém se meter no mais comezinho do mundo da política e ainda mais, mentir?

Num dá pra levar a sério esta gente!

7:33 AM
Anônimo Anônimo disse...

Este animal deve ter dúzias de filhos em Goiás,por isto esta defesa veremos se as mulheres molestadas pelo Balduíno apareça.

7:41 AM
Anônimo Anônimo disse...

Coisas de hipocrisia religiosa mesmo. Nenhuma novidade.

7:51 AM
Anônimo Anônimo disse...

http://ceticismo.net/religiao/a-maior-farsa-de-todos-os-tempos/

8:04 AM
Anônimo Lucas Saboia disse...

Reinaldo,

Enviei um email para dombalduino@cultura.com.br declarando a excomunhão de Dom Tomás Balduino.

A atividade sacerdotal deste militante esquerdista perde qualquer legitimidade eclesiastica a partir deste momento.

8:06 AM
Anônimo Feliciano Maduro disse...

Nojo.

8:08 AM
Anônimo Anônimo disse...

Tudo é intenção. E a intenção deve estar pautada na lei. Lugo errou porque fez sexo sendo bispo (a igreja condena o sexo de seus padres e vários outros tipos de sexo) e porque fez sexo com uma menor (a lei proibe). Mas eu gostaria que o pessoal que está jogando pedra nele pela questão do sexo fizesse uma vistoria na própria consciência para se certificar de que ela está limpa de qualquer desejo mais impuro, pois desejar também é pecar.
Vamos lá pessoal! Mãos a obra!

8:13 AM
Blogger Roby disse...

Você por acaso não teria o endereço de e-mail desse nobre prelado?
Tenho certeza de que muitos de nós, defensores da ética e da moral — especialmente etre os supostos "líderes religiosos" — teríamos algumas palavrinhas edificantes a lhe dizer.

8:14 AM
Anônimo Anônimo disse...

Mães, adolescentes e mulheres em geral que vivem em Goiás: cuidado há um seguidor (puxa-saco) do "Lugaucho" aí no estado. Não fiquem a sós com esse amigo do tarado-pedófilo paraguaio porque a consequência será a explosão demográfica da população local.

Esse babuíno goiano também deve ser adepto da sacristia-alcova para ser "coerente com a inspiração evangélica, ao testemunhar, com clarividência e humanidade, o inestimável valor do relacionamento entre o homem e a mulher"

Cara-de-pau, safado, FDP.

A militância desta esquerda vale-tudo é nojenta e, quando se manifesta, permite compreender o porquê da imensa popularidade dos ridículos governantes do continente americano. Tá tudo dominado, nem a Igreja está livre da infiltração esquerdopata, cujo único objetivo é o poder a qualquer preço.

8:21 AM
Blogger senha de banco disse...

É um espetáculo (triste) surreal!

Será que o bispo não entende que certas pessoas não podem fazer certas coisas?

Um padre, um professor, um médico, essas pessoas têm um certo poder sobre fiéis, alunos e pacientes.

E esse poder, somado ao fato de seus seguidores estarem fragilizados, pode levar esses seguidores a fazer coisas que normalmente não fariam!

Daí minha revolta com toda a lambança desse "bispo" amoral e imoral!

Um presidente tem um valor simbólico tremendo perante seu povo.

E o povo paragaio é essencialmnte católico.

O que piora (ou deveria piorar) as coisas pro "bispo"!

8:28 AM
Anônimo Anônimo disse...

Sou católica, mas não posso conter a raiva ao ler uma carta tão absurda. Este senhor bispo Tomás Balduino é um pecador e envergonha os brasileiros.
Aliás, apoiar o MST e a CPT o torna tão bandido quanto êles.

8:30 AM
Blogger . disse...

Esses dois merecem ser excomungados.Então o Lugo assediou e engravidou uma menina que ele mesmo crismou?Que sacripanta!

8:30 AM
Anônimo Ronildo Storck disse...

Reinaldo,

Descobri por que o presidente paraguaio deixou a Igreja Católica:
Assumiu a religião MUÇULMANA, ONDE SE PODE TER QUATRO ESPOSAS, LÓGICO, DESDE QUE ELE POSSA NUTRI-LAS.

8:31 AM