quinta-feira, 23 de abril de 2009

Conflitos no Pará: José Nery x Kátia Abreu

Os recentes conflitos agrários no sul do Pará foram tema de debate entre o senador José Nery (PSol/PA) e a senadora Kátia Abreu (DEM/TO), que também é presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), no plenário do Senado Federal na sessão da última quarta-feira (22/4). Nery pediu um aparte dentro do discurso de Kátia. A parlamentar do Tocantins discussava sobre a defesa da propriedade privada e que a lei deve ser cumprida para impedir as invasões de terra.

Kátia questionou os meios de sobrevivência dos líderes do MST e acusou-os de serem sustentados pelo contribuinte. “Com que dinheiro eles (as lideranças) estão comprando carros e comida? Alguém está financiando a bandalheira para eles fazerem filme de bang-bang na televisão”, completou, se referindo ao conflito ocorrido em Xinguara na semana passada.

Nery discordou da senadora. Lembrou que as imagens da TV mostraram os seguranças da fazenda atirando e não os trabalhadores rurais, o que é comprovado pelo número de vítimas: sete por parte do movimento e um por parte dos seguranças da fazenda Espírito Santo. Nery ainda foi mais a fundo, reforçando as irregularidades da propriedade. “Os títulos dessa fazenda, cujo um dos sócios é o banqueiro Daniel Dantas, são questionáveis. Aquelas terras pertencem ao Estado, à União. Esses trabalhadores têm direito à vida e a um pedaço de terra”.

O senador ressaltou ainda que o encontro feito pela Subcomissão de Mediação de Conflitos Agrários em Marabá, há dez dias, defendeu o uso de seguranças particulares nas fazendas para se defender de ocupações. “Isso é ilegal, é criminoso. Exijamos do Estado o cumprimento da lei”. Kátia Abreu rebateu as críticas e justificou que esse tipo de segurança está previsto no Código Civil Brasileiro.

O senador paraense recordou também que o plenário não tem dado devida importância às mortes de trabalhadores rurais, como ocorreu na semana passada com o sindicalista Raimundo Nonato Silva em Tucuruí, no sudoeste do Pará. “Aqui quando se ousa questionar esse tipo de coisa, sempre há alguma forma de interromper”, reiterou. Nery também pediu reforço da Força Nacional em Xinguara ao Ministério da Justiça e deve propor uma diligência de senadores para visitar a área.

Mais tarde, Nery fez um discurso sobre a Jornada de Lutas realizada em abril. Para ele as ocupações feitas pelos trabalhadores rurais é a única forma deles serem ouvidos pela sociedade e o Poder Público. “Os latifúndios do agronegócio, tão bem defendidos hoje aqui pela nossa colega, senadora Kátia Abreu, já desempregaram 270 mil assalariados desde novembro de 2008”, informou.
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