Por Edilberto Sena*
De repente, uma notícia de hoje chama a atenção: Todos os governadores da Amazônia Legal se reuniram na sexta feira passada em Macapá, defendendo que os estados amazônicos recebam dinheiro por preservar florestas.
Um fato digno de nota. Todos os governadores da Amazônia Legal inclusive, mais três governadores que só se sentem amazônicos quando lhes surgem vantagens econômicas, estão pensando na mesma botija. Então, eles se uniram, coisa rara nesta região, aparentemente preocupados com a preservação ambiental da Amazônia.
Surpreendente esse súbito zelo pelas florestas em pé. Como nunca antes se ouviu falar dessa conjugação de forças de governos amazônicos, em defesa do meio ambiente e como, apesar do barulho que de vez em quando o Ministro do meio ambiente, Carlos Minc faz pela região, o desmatamento na Amazônia continua, mesmo tendo diminuído. O desmatamento continua, especialmente nos estados do Pará e Mato Grosso. Por causa desses outros fatos é que se tem o direito de levantar hipótese sobre razões não esclarecidas desse interesse conjunto dos governadores da Amazônia pelo dinheiro do crédito de carbono.
No próximo mês de dezembro vai acontecer o encontro dos chefes de estados em Copenhagen, Dinamarca, para tentar encontrar um compromisso mundial para estancar o aumento do calor, a falada mudança climática. Certamente que a floresta amazônica é um ponto central de controle do clima, se for preservada em pé. Aí, certamente os chefes de estado proporão trocar dinheiro deles com o Brasil para preservar sua imensa floresta, o chamado crédito de carbono.
Certamente alguns bilhões de reais estarão disponíveis ao governo brasileiro para cuidar de manter a floresta em pé. E aí, os e a governadora da Amazônia estão ansiosos em botar as mãos nesse possível crédito de carbono bilionário. Mas, será que eles merecem esta confiança? Eis uma dúvida séria.
Como confiar no cuidado com o meio ambiente da governadora do Pará quando ela recentemente, criou uma desastrosa lei de Zoneamento econômico ecológico para o Oeste do Pará, protegendo quem grilou terras e feriu gravemente a lei de reserva legal? Como confiar no governador do Mato Grosso, que é maior destruidor de floresta para plantar soja? Como confiar no governador do Amazonas, que apóia a construção de mais uma rodovia entre Manaus e Porto Velho e um oleoduto entre Urucu, no Amazonas e Porto Velho em Rondônia? Como confiar em todos os governadores da Amazônia em defesa do meio ambiente, quando todos apóiam o perverso plano do governo federal de construir hidrelétricas imensas no Amazonas, Mato Grosso, Tocantins, Rondônia e Pará. Inclusive, a governadora paraense chega a frisar em alto e bom som que o Pará precisa sim de mais hidrelétricas.
Com tudo isso acontecendo, que garantia se tem que os governos da Amazônia aplicarão corretamente o possível recurso que vier para crédito de carbono? Não está fácil manter essa confiança.
*Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém. Editorial de 19 de outubro de 2009.