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Por falar em fundo branco, estou lendo o excelente livro “Ensaio sobre a Cegueira”, de José Saramago. De repente uns, e logo em seguida dezenas, centenas e milhares começam a ficar cegos e não “enxergam” a escuridão, mas apenas uma grande claridão branca, a “cegueira branca”. Um livro cheio de metáforas, cujos personagens não tem nomes, mas apenas a descrição do que faziam, numa cidade também sem nome.
A decisão estatal de colocar todos os afetados em isolamento, em condições subumanas, acaba servindo de fio condutor para mostrar a contradição entre o processo de humanização dos grupos de cegos em um dos pavilhões e a desumanização diante de outros grupos também cegos.
A insistência de Saramago em manter os livros no Brasil com a ortografia e regras de pontuação de Portugal não torna a leitura tão difícil nem muito menos estimulante, principalmente pela história que é excelente.
Aproveito ainda para agradecer ao grande amigo e leitor do blog José Luiz Laudares pelo presenteio do livro. Ainda falta pouco menos da metade e já fiquei com vontade também de assistir o filme de homônimo de Fernando Meireles, inspirado no livro.