terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Eletronorte engana o povo

Por Edilberto Sena*

Para bom entendedor, meia palavra basta. Portanto, quem não sabia, ou duvidava sobre o que poderá acontecer com todos os moradores das proximidades do rio Tapajós, preste atenção no início da notícia. Diz assim: “Moradores do entorno da hidrelétrica de Curuá-Una reivindicam água e energia da Eletronorte. Isto foi promessa da empresa em acordo com os moradores, como indenização aos atingidos pela barragem de Curuá-Una”.

Pois bem, a barragem desta usina foi feita 30 anos atrás e até hoje os moradores do entorno dela vivem na pobreza e sofrendo impactos, enquanto outros de fora ficaram ricos e Eletronorte tira lucros.

A empresa estatal responsável por Curuá-Una é a mesma que tem um mega plano de construir cinco enormes hidrelétricas na bacia do rio Tapajós, caso os movimentos sociais da região e as autoridades locais cruzem os braços.

Os moradores do entorno de Curuá-Una sofrem até hoje por causa de represa de uma usina de apenas 30 mega watts, imagine o que vão sofrer os ribeirinhos e indígenas Mundurucus, os moradores de Jacareacanga, Itaituba, Aveiro, comunidades ribeirinhas desde Jamanxim até Santarém, caso deixarem a Eletronorte executar seu perverso plano de gerar 1.930 quilômetros quadrados de inundações com as barragens.

Será a morte não apenas do rio (o que já seria muito grave), mas desgraça para peixes, florestas e os povos da região. Não será surpresa se o rio Amazonas invadir as praias do Tapajós, Álter do Chão, Ponta de Pedras, Pindobal e outras.

Quem ainda duvida dessa possível catástrofe regional, caso se permita que a Eletronorte inicie a construção de cinco usinas nos rios Tapajós e Jamanxim, que mire o cemitério aquático de Curuá-Una, com centenas de árvores secas dentro do lago, cujas folhas e galhos caídos provocam dióxido de carbono.

Também quem duvida de uma desgraça dessas, pode conversar com moradores do entorno de Curuá-Una que hoje exigem água e energia da Eletronorte, de quantos peixes foram fisgados com vermes na cabeça.

É preciso a população se dar conta, inclusive em Santarém, de que a Eletronorte visa lucros e traz morte para quem vive próximo de barragens de usinas. Para a empresa o ser humano é descartável, importante é o crescimento econômico. Quem cala consente e quem gosta de nós somos nós, portanto...

*Padre diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém. Editorial de 29 de dezembro de 2009.
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