NOTA PÚBLICA
Depois de algumas reuniões que demonstraram a falta de interesse do governo em resolver as questões concernentes à efetivação da Reserva Extrativista Renascer, nós comunidades do Rio Tamuataí e Santa Maria da Uruará resolvemos fazer um acampamento nas proximidades da Boca do Rio Tamuataí para impedir a passagem de balsas carregadas de toras de madeiras retiradas ilegalmente da área da Reserva. As comunidades lutam a mais de dez anos para a criação de uma unidade de conservação para proteger nosso patrimônio.
Nesses últimos seis meses, desde que a Reserva foi finalmente criada, embora em tamanho muito inferior ao pedido pelas comunidades. Mesmo assim a Reserva ainda não saiu do papel. Sabendo que a área vai ser protegida, os madeireiros estão extraindo madeira cada vez mais rápido. Á noite estão saindo de cinco a oito balsas do Rio Uruará.
Durante um seminário na Comunidade de Tamuataí, no final de outubro, os representantes do Instituto Chico Mendes, responsável pela Reserva, informou que por falta de recursos eles não tem previsão para começar o processo de demarcação e fiscalização. Seu prazo mínimo é até o primeiro trimestre do ano que vem. Além disso, durante uma série de reuniões na semana passada, ficou claro que o governo municipal estava negociando com os madeireiros da região para deixar eles permanecerem mais tempo com a exploração madereira.
Cansados de esperar o apoio do governo, na madrugada do dia 27, comunitários de Santa Maria de Uruará e as comunidades do Rio Tamuataí, foram para a boca da Tamuataí no Rio Uruará, que marca a fronteira da Reserva, e conseguiram impedir a descida de balsas carregadas com toras de madeira, pertencentes à Sandro Dandolini. As balsas voltaram para o porto acima de Santa Maria de onde elas tinham saído.
Até o terceiro dia de manifestação, em torno de 200 pessoas da Reserva tinham chegado e continuam acampadas até hoje na Boca do Rio Tamuataí. Nas comunidades, as aulas foram canceladas, porque as famílias continuam acampadas, e não tendo com quem deixar os filhos estes os acompanham, já que o entendimento é que a luta é em prol do futuro da região. As comunidades disseram que nenhuma balsa vai descer o Rio até o governo cumprir com suas demandas. As demandas são:
1. A demarcação da Reserva.
2. Sema e Ibama façam fiscalização na área da Reserva e tirar todos os madeireiros que estão trabalhando dentro da Reserva Extrativista Renascer, inclusive a serraria de Jaurú,
3. A madeira explorada na Região de Santa Maria seja beneficiada em Santa Maria do Uruará,.
4. Leiloar as madeiras retiradas da Reserva e que este recurso seja para a própria Reserva.
5. Uma audiência com as comunidades, IBAMA, SEMA, ICMBIO, MPF, MEP PF e a imprensa.
Pedimos compreensão e celeridade no processo.
Comissão Provisória do Movimento
Rio Uruará, município de Prainha, 30 de novembro de 2009.